Título: Brasil ainda espera proposta formal para tarifa de Itaipu
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2008, Infra-estrutura, p. C2

São Paulo, 25 de Agosto de 2008 - Jorge Samek, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, afirmou na sexta-feira que o Paraguai ainda não enviou nenhuma proposta formal para a revisão da tarifa paga pelo Brasil na compra da eletricidade pertencente ao país vizinho oriunda da usina hidrelétrica. Segundo Samek, na quinta-feira, a diretoria brasileira de Itaipu se reuniu, pela primeira vez oficialmente após a posse (no dia 15 deste mês) do presidente daquele País, Fernando Lugo, com o Paraguai para discutir a revisão de dez pontos do Tratado de Itaipu, mas o assunto "preço" não entrou em discussão. "Falamos sobre questões mais do ponto de vista administrativo", disse Samek após participar de reunião realizada na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Porém, o diretor-geral reiterou que "o preço estabelecido (para a energia de Itaipu) é justo e é a média de preço praticado no Brasil". "Temos a seguinte determinação do presidente Lula: é proibido proibir. Tudo o que eles estão reivindicando, nós estamos recebendo. Aquilo que der para atender, nós vamos atender. E aquilo que não der, nós vamos dizer por que não dá para atender", disse o executivo. De acordo com Samek, o Brasil paga US$ 45 o megawatt-hora (MWh) para o país vizinho. "Tem um grande jornal diário de lá que insiste em afirmar que o Brasil compra energia do Paraguai a US$ 2,81 o MWh. Se fosse isso, eu teria vergonha de ser brasileiro e presidente de Itaipu", argumentou, para completar: "O preço que o Brasil paga é de US$ 45 o MWh. A diferença de US$ 2,81 para US$ 45 é muito grande". Segundo o diretor, deste total, 70% vai para pagamento das dívidas e juros da construção do empreendimento, financiada pelo Brasil; 15% do valor vai para o pagamento de royalties; e a parcela restante vai paga quitação dos custos de operação da hidrelétrica. "É isso que o Tratado estabelece, estamos abertos, mas o presidente Lula deu um recado de que não iria haver mudança no preço". "O principal responsável para as finanças paraguaias se chama Itaipu Nacional", acrescentou Samek ao informar que a usina já pagou ao tesouro paraguaio US$ 3,6 bilhões em royalties (o PIB do Paraguai é de US$ 10 bilhões). As discussões sobre o reajuste para tarifa de Itaipu da energia não utilizada pelo Paraguai fizeram parte da campanha política do novo presidente do país vizinho. Pelo contrato de 1973, cada país tem direito a 50% da energia produzida, mas, caso uma das partes não use toda a sua cota, pode vender o excedente ao sócio a preço de custo. Como o Paraguai só consome 13% do seu montante, o Brasil fica com os outros 87%, que, adicionados à cota nacional, atendem a 20% da demanda brasileira. Os paraguaios afirmam que, se vendessem a energia a valores de mercado, obteriam mais lucro. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(Roberta Scrivano)