Título: Participação industrial no PIB é baixa
Autor: Cavalcanti, Simone
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2008, Nacional, p. A7

27 de Agosto de 2008 - A baixa participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) faz com que o Brasil se distancie de seus pares emergentes em relação ao estágio de desenvolvimento econômico. Atualmente essa proporção é de 17,8%, e já chegou a 15,7% em 1998, de acordo com o consultor Júlio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Econômico (Iedi). "A indústria brasileira está aquém do necessário para os padrões de um país em desenvolvimento", diz, afirmando que essa parcela deveria estar próxima de 30% do produto. Segundo o estudo "A evolução da estrutura industrial", nessa situação, o País mais se aproxima das economias desenvolvidas (ver quadro acima), cuja população tem renda per capita sete vezes superior à da brasileira. O problema desse quadro, ressalta Almeida, é que a indústria manufatureira e o agronegócio que têm papel de dar maior impulso ao crescimento econômico. O setor de serviços, ressalta, tem um limite. O consultor faz a comparação: os Estados Unidos, cuja participação dos serviços no PIB já ultrapassou em muito a da indústria, pode crescer a uma taxa de 3%. Mas a China não seria capaz de expandir sua economia a 10% ao ano, caso esse crescimento não estivesse calcado na produção de manufaturados. "Quando uma economia atinge o chamado vôo de cruzeiro é possível ter uma participação elevada dos serviços no PIB, pois isso ajuda a manter certa estabilidade", argumenta Almeida. De acordo com o estudo, a queda da participação industrial no PIB foi mais acentuada nos anos 90, com pequena recuperação no início desta década. Muito embora tenha havido, segundo o documento, aumento na capacidade de competir e também das de produtividade, a perda de participação relativa no PIB reflete a descontinuidade de cadeias produtivas. "Esse movimento tem sido discutido ou como sendo uma desindustrialização ou como sendo uma especialização precoce da indústria nacional em setores com vantagens competitivas ligadas à exploração de recursos naturais", indica o Iedi. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)