Título: Anbid cria novas categorias de fundos
Autor: Rosa, Silvia
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2008, Finanças, p. B1

São Paulo, 27 de Agosto de 2008 - O crescimento dos fundos multimercado aliado ao aumento do interesse dos investidores estrangeiros por ativos no Brasil, após a obtenção do investment grade, levou a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) a estudar uma nova classificação para essa categoria, baseada nas estratégias adotadas pelos gestores das carteiras. Hoje os fundos multimercado, que representam cerca de 21,75% da indústria com patrimônio de R$ 258,67 bilhões, estão agrupados em seis categorias. A reformulação deve abranger oito classificações: macro (engloba os fundos com investimento no mercado de câmbio e juros, por exemplo) long short neutro (que não apresenta posição direcional em bolsa), long short direcional, (com posição direcional em bolsa), multiestratégia, multigestor (por meio de fundos de fundos), balanceados (que definem percentual para exposição de renda fixa e variável nas carteiras) e capital protegido. Segundo Luciane Ribeiro, da Comissão de Administração de Recursos de Terceiros da Anbid e responsável pela área de gestão de recursos do Santander, além de facilitar a adequação dos investimentos ao perfil de risco dos investidores, a renomeação das categorias para o padrão de classificação internacional facilitará a atração dos investidores estrangeiros. "De fato, com o investment grade houve aumento da demanda por ativos brasileiros." A categoria de fundos multimercado é uma das que mais têm sofrido com a volatilidade no mercado acionário, acumulando no ano, até o dia 25 deste mês, resgate de R$ 28 bilhões. Além disso, com o aumento da taxa básica de juros para 13% ao ano, os investidores acabaram migrando para aplicações de menor risco, como os fundos DI ou Certificados de Depósito Bancário (CDBs), oferecidos pelos grandes bancos, e que chegam a pagar até 100% da variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Para Luciane, a saída para atrair os investidores para o mercado de fundos é o lançamento de produtos inovadores, como os fundos de capital protegido, que permitem ao aplicador ganhar com o mercado acionário com garantia do capital inicial. "São produtos que funcionam como fundos fechados, com prazo definido de duração e que têm apresentado grande demanda por parte dos investidores com o aumento da volatilidade na bolsa", destaca. A Anbid também tem trabalhado, segundo Luciane, na questão da "suitability", que envolve o dever das instituições distribuidoras dos produtos verificar a adequação do investimento ao perfil de risco do investidor. "Os investidores terão que responder um questionário para saber se o investimento é a melhor opção de acordo com seu perfil de risco", afirma Luciane. Concentração em renda fixa Apesar de apresentar forte crescimento nos últimos anos, com participação de 5% do total do patrimônio líquido da indústria de fundos das Américas, em março de 2008, somando US$ 670,56 bilhões , o mercado brasileiro ainda é muito concentrado em aplicações de renda fixa. Segundo Robert Van Dijk, diretor superintendente da Bradesco Asset Management (Bram) e vice-presidente da Anbid, a aplicação em renda fixa (bonds) representa cerca de 55% da carteira, enquanto a exposição em ações responde apenas por 14%. "Há muito espaço para aumentar a alocação em ações no Brasil, que está muito abaixo da média mundial, de cerca de 43% do patrimônio, e até mesmo dos demais emergentes que fazem parte do grupo dos Bric, como a China, com exposição de 64% em renda variável e Rússia, com 62%", diz. Van Dijk ressalta que essa composição é reflexo do cenário econômico dos País, que foi marcado no passado recente por alta taxa de juros e hiperinflação, que fez com que não houvesse necessidade de diversificação dos investimentos para alcançar alto retorno. Ele destaca que, com a crise no mercado de capitais, houve uma desalavancagem das carteiras de investimentos, com a migração de recursos para aplicações de menor risco. A participação das aplicações em ações em relação ao patrimônio líquido dos fundos comparado ao PIB passou de 51% em 2007 para 44% em março de 2008, enquanto o aporte em mercado de curto prazo, também chamado de money market, subiu de 5% para 23%. Esse movimento também foi acompanhado, segundo Van Dijk, por uma desconcentração da participação das Américas no total do patrimônio da indústria de fundos, passando de 57% em 2003 para 53% em março deste ano, somando US$ 13,182 trilhões, ainda o maior mercado da indústria global, que soma patrimônio de US$ 24,8 trilhões. Em segundo lugar aparece a Europa, com 36% de participação, seguida pelo mercado da Ásia Pacífico (11%) e África, com 0,3%. O mercado brasileiro, com patrimônio de R$ 1,159 trilhão e 8.283 fundos cadastrados até 25 de agosto, tem ganho destaque na indústria global e atrai o interesse de investidores estrangeiros, frente a desaceleração das economias desenvolvidas. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Silvia Rosa)