Título: Juros americanos e petróleo ditam o rumo dos negócios
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 27 de Agosto de 2008 - O anúncio da ata do Fomc - Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve, o banco central norte-americano - e uma alta no preço do barril de petróleo balizaram as negociações em Wall Street e no mercado doméstico. O Comitê voltou a expressar preocupação em relação à escalada dos preços e reforçou a possibilidade de não mexer nos juros tão cedo, embora tenha levantando a possibilidade de ter que aumentar a taxa básica de juros no longo prazo, sem precisar nem quando nem de quanto seria o aperto monetário. "O ritmo de ajuste na taxa de juros e o tamanho do aperto vai depender das condições. Enquanto a atividade econômica estiver ruim o Fed não irá mexer nos juros", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Para o economista-chefe da corretora Gradual, Pedro Paulo Bartolomei da Silveira, a ata do Fomc não trouxe surpresas. "A ata repetiu as preocupações com a inflação", disse. O preço do barril de petróleo WTI, negociado no pregão de Nova York, encerrou a sessão em alta de 1%, cotado a US$ 116,28. A commodity operou com valorização durante boa parte do dia e chegou a ser negociada com avanço de 1,7%, cotada a US$ 117,02. Em Wall Street o mercado colocou na balança notícias do setor bancário, indicadores econômicos, a ata do Fomc e as oscilações no preço do barril de petróleo. Um dos órgãos reguladores do setor bancário norte-americano informou que os bancos com problemas de crédito aumentaram de 90 para 117 no relatório do segundo trimestre. A notícia repercutiu nas bolsas e derrubou as ações do setor. No entanto, a divulgação do índice de confiança do consumidor, que registrou 56,9 pontos em agosto, acima da expectativa de 53 pontos, contrabalançou o mau humor do mercado, levando as bolsas a encerrarem com tendência mista. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,23%, nos 11.413 pontos e o S&P 500 avançou 0,37%, nos 1.272 pontos. Em direção oposta, o Nasdaq caiu 0,15%, nos 2.362 pontos. No front interno, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou em queda de 0,22%, nos 54.358 pontos, seguindo a tendência do mercado norte-americano. A alta no preço do barril de petróleo deu sustentação para as ações da Petrobras e impediu uma queda maior da Bolsa. No mercado de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o DI de janeiro de 2010, o mais líquido da sessão, fechou em baixa, apontando taxa anual de 14,69%, ante 14,74% do ajuste anterior. O mercado antecipou a divulgação de dois importantes indicadores de inflação: o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-Fipe) e do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). A expectativa é que os índices mostrem uma desaceleração nos preços. O contrato DI de janeiro de 2012 fechou com taxa anual de 13,93%, contra 14% do último ajuste. O DI de outubro registrou taxa de 13,25%, ante 13,24% do último ajuste. O DI de janeiro de 2009 fechou com juro anual de 13,89%, contra 13,88% do ajuste anterior. No mercado de câmbio, o dólar comercial completou o terceiro dia consecutivo de alta. A moeda norte-americana fechou com avanço de 0,12%, cotada a R$ 1,633 na venda. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ana Cristina Góes)