Título: Empresas sofrem com a falta de profissionais
Autor: Monteiro, Marcelo
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2008, Vida executiva, p. C12

São Paulo, 27 de Agosto de 2008 - A disputa pelos profissional na área de finanças e contabilidade tem afetado as empresas de todo o mundo. Segundo o relatório anual Robert Half Global Financial Employment Monitor, pelo segundo ano consecutivo, mais da metade (56%) dos gerentes de finanças e recursos humanos consultados relataram dificuldades na busca de candidatos qualificados. No Brasil, a situação é ainda pior: 82% das companhias encontram obstáculos na hora de contratar. Com isso, o País figura em segundo lugar no ranking das nações que enfrentam a falta de executivos na área financeira, atrás apenas de Hong Kong - região administrativa da China -, onde o índice chega a 89%. Conforme o relatório, elaborado pela Robert Half International - empresa de recrutamento especializado, com mais de 360 escritórios, distribuídos em todos os continentes -, a escassez de executivos experientes fez com que as companhias passassem a se preocupar mais com a retenção de talentos. Assim, nos últimos 12 meses, as empresas procuraram aprimorar seus mecanismos de motivação e retenção de profissionais. Conforme o estudo, 58% dos entrevistados em todo o mundo se mostraram preocupados em perder seus executivos de alto nível para outras empresas. No Brasil, o índice chegou a 82%. Para o diretor geral da Robert Half no Brasil, Ricardo Bevilacqua, o mercado atual exige dos gestores muito mais conhecimento técnico do que há alguns anos, principalmente devido a mudanças no que se refere a regulamentações. Com isso, os executivos devem ter um perfil mais complexo, o que também complica a situação na hora do recrutamento. "O perfil do controller, do contador, do gestor financeiro, tem de estar muito atualizado", assegura Bevilacqua. Segundo o consultor, o mercado exige que, cada vez mais, os números que saem da empresa sejam muito transparentes. Isso faz com que, mais do que saber lidar com as questões financeiras, os profissionais também saibam se comunicar com o mercado. "A capacidade dessa pessoa de se comunicar bem com o mercado exige um nível muito maior do que cinco anos atrás. Por isso, existem muito poucas pessoas preparadas para exercer esses cargos", enfatiza Bevilacqua. O levantamento ouviu mais de 4 mil gerentes de finanças e recursos humanos em 20 países. No Brasil, que foi incluído no levantamento pela primeira vez, representantes de 149 organizações responderam à pesquisa. Conforme o relatório, as empresas de todo o mundo estão gastando mais tempo em seus processos seletivos. Antes de preencher posições de média gerência, os participantes da pesquisa realizam, em média, três entrevistas por candidato. Em 2007, a média era de duas entrevistas. "Não é apenas o mercado brasileiro que está aquecido, mas o mercado mundial que está ficando mais complexo e criterioso na hora de contratar", explica Bevilacqua. "Você não entra na primeira entrevista." Segundo ele, as contratações por indicação são cada vez menos freqüentes na área financeira. "A época em que você ia trabalhar apenas por uma indicação já não existe", garante. "As pessoas passam por mais etapas. Os candidatos têm que se preparar cada vez mais". (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 12)(Marcelo Monteiro)