Título: Parte dos dólares ficará no exterior
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/08/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 21 de Agosto de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo pretende deixar no exterior parte dos recursos financeiros a serem arrecadados com as exportações do petróleo do pré-sal para impedir o aumento da inflação ou valorização "excessiva" do real. Para o ministro, o Brasil poderá se tornar um grande exportador de petróleo do pré-sal, que deve render ao país entre US$ 200 bilhões e US$ 500 bilhões. Ele disse que a definição do modelo de exploração do pré-sal sairá até o fim de setembro. "O Brasil vai fazer como outros países fizeram, não vai colocar dentro do país todos os dólares que vai auferir com o petróleo do pré-sal", disse. Ele disse que o governo quer evitar a "tal famosa doença holandesa". Na década de 60, a Holanda priorizou a exploração do petróleo sem estimular outras atividades econômicas. Membro da comissão do governo criada para estudar as possibilidades "mais viáveis" para o País no caso da exploração do petróleo do pré-sal, Mantega declarou que o objetivo é criar um modelo que atenda às necessidades da população brasileira. "Parte dessa riqueza imensa, de centenas de bilhões de dólares, será utilizada para educação, para saúde, para diminuir a dívida (pública) e para aumentar as reservas em prol da sustentabilidade do País em longo prazo", disse. Mantega afirmou que parte dos recursos do pré-sal poderá ser aplicado, futuramente, no fundo soberano, em trâmite no Congresso Nacional, que inicialmente teria recursos de 0,5% da meta do superávit primário, estimada em 4,3% do PIB - no valor de R$ 14 bilhões. O ministro se reuniu na manhã de ontem com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a quem pediu para agilizar a votação da aprovação de projetos, como a reforma tributária, a proposta que cria o fundo soberano e projeto de lei que estabelece limite para o crescimento de despesa com pessoal em relação ao PIB, em tramite há um ano e meio na casa. Ao fazer o apelo ao presidente da Câmara para apressar a votação da aprovação do fundo soberano, em plenário, Mantega disse que se o projeto de lei, com urgência constitucional, não for votado até 02 de setembro ele trancará a pauta da casa. "É importante que ele seja aprovado este ano para que possamos fazer essa reserva (de R$ 14 bilhões). Caso contrário, teremos que pagar o juro (da dívida) com os recursos que já estamos economizando". Mantega afirmou que as alternativas a serem apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a desenvolvimento do modelo de exploração de petróleo do pré-sal serão entregues até o fim de setembro. "Ainda não está definido nada, e quem terá a última palavra é o presidente Lula", declarou. Durante a entrevista, o ministro negou que esteja em estudo no ministério medidas para aplicar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de leasing na aquisição de veículos para desestimular a demanda. "Não há medidas no governo, por enquanto, para aplicar IOF nas operações de leasing", afirmou. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Viviane Monteiro)