Título: Arrecadação federal chega a R$ 396 bi e bate novo recorde
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/08/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 20 de Agosto de 2008 - A arrecadação de impostos e contribuições federais mantém a trajetória de alta alavancada pelo crescimento da economia brasileira e aumento das alíquotas de Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) e a do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O valor arrecadado entre janeiro e julho atingiu um recorde de R$ 396,93 bilhões, já corrigido pela inflação medida pelo IPCA. A cifra cresceu 11,21% na comparação com igual período do ano passado. Mesmo com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o governo já conseguiu arrecadar R$ 40 bilhões a mais do que estava previsto. Apenas em julho, as receitas somaram R$ 61,9 bilhões, 10,5% a mais que o mês anterior e 15,9% sobre igual etapa de 2007. É também montante inédito para o mês. E trata-se do maior valor mensal arrecadado este ano desde janeiro quando a cifra foi de R$ 64,8 bilhões. Boa parte da arrecadação tributária no ano saiu do caixa das instituições financeiras em virtude do aumento da alíquota da CSLL de 9% para 15%, em maio, que começou a vigorar em junho. O aumento do imposto já surtiu efeito sobre o balanço financeiro dos bancos no segundo trimestre. Apenas na Caixa Econômica, conforme o balanço divulgado na semana passada, o impacto foi de R$ 704 milhões no segundo trimestre. Segundo Carlos Alberto Barreto, secretário-adjunto da Receita Federal, o aumento da arrecadação das receitas administrada pelo órgão em julho refle-te, sobretudo, o desempenho da arrecadação da CSLL e do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, que foram responsáveis por 81% da taxa de crescimento. Tal arrecadação ficou concentrada, sobretudo em 80 empresas que contribuíram com 72,81% do total. "O resultado é reflexo do bom momento pelo qual passa a economia brasileira", reforçou. Mas há quem diga que o aumento da arrecadação anual reflete, em grande parte, a incidência da CSLL sobre o lucro dos bancos. Entre janeiro e julho, a CSLL rendeu ao governo R$ 27,74 bilhões, quando respondeu por 6,99% de todo o montante arrecadado no período. Houve elevação de 29,15% sobre os R$ 21,478 bilhões. A expectativa do governo é que o aumento da alíquota da CSLL para os bancos gere um adicional de R$ 2 bilhões este ano sobre o valor arrecadado em 2007. Imposto sobre crédito Um outro imposto que já rendeu frutos ao governo este ano é o IOF, cujas alíquotas foram elevadas no início do ano para compensar as perdas de receita com o fim da CPMF. No acumulado de janeiro a julho, o recolhimento aos cofres públicos como o tributo atingiu R$ 11,05 bilhões, e passou a responder por 2,9% da arrecadação total. O valor cresceu 148,7% em relação a igual etapa do ano passado, de R$ 4,625 bilhões, quando respondia por 1,3% do montante geral arrecadado. A expectativa do governo é a de que o imposto gere este ano R$ 8,5 bilhões a mais em receitas. Por outro lado, o governo arrecadou menos no IPI sobre bebidas. O recolhimento caiu 1,33% para R$ 1,507 bilhões no acumulado do ano. Barreto, entretanto, não quis atribuir a queda dessas receitas à Lei Seca.