Título: Fundos ampliam investimento no setor imobiliário no Brasil
Autor: Rosa, Silva
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/08/2008, Finanças, p. B1
São Paulo, 20 de Agosto de 2008 - A crise no setor imobiliário norte-americano não diminui o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil. Grandes empresas e fundos de private equity, como a gestora Equity International e a Explorador Capital Management, planejam novos investimentos no País, com crescimento da economia interna, expansão do crédito e queda da taxa de juros. A empresa de private equity focada no mercado imobiliário, Equity Internacional, pertencente ao Equity Group Investments L.L.C., do megainvestidor Sam Zell, levantou recentemente um fundo global de US$ 500 milhões e acaba de anunciar seu primeiro investimento na empresa de logística AVG Logística. Segundo o chefe da área de estratégia da Equity International, Thomas McDonald, além da atuação já tradicional no setor imobiliário, a empresa pretende investir também em companhias financeiras que trabalham com securitização e produtos estruturados, e no setor de agronegócio com foco tanto na produção de algodão e soja, quanto em sua estrutura logística. "A Equity International já investiu cerca de US$ 1 bilhão no Brasil e está agora procurando diversificar nossos setores de atuação." Com presença no México, Chile e Argentina, a empresa já conta no Brasil com investimentos na Gafisa, BR Malls e Bracor, todas do setor imobiliário. Para McDonald, embora alguns ativos, principalmente do setor imobiliário comercial e de shopping centers, tenham apresentado aumento de preços, ainda há muitas oportunidades a serem exploradas. "Só é preciso ter paciência para achar as melhores operações, porque ainda há muito espaço para crescer", diz. Outra gestora de investimentos que deve ampliar sua participação no Brasil é a Explorador Capital Management.Com foco na América Latina a empresa, que tem US$ 150 milhões sob gestão, tem investido, seja por meio de operações de private equity ou compra de ações via mercado de capitais, em empresas no Brasil e em menor extensão no Chile, México e Argentina Colômbia, Peru e Equador, com um portfólio que inclui cerca de 16 companhias. "Nós planejamos dobrar o capital investido no Brasil em um a dois anos", afirma Andrew H. Cummis, fundador e chefe de investimentos da empresa. Segundo Cummis, a gestora investe em diferentes setores: imobiliário, educação, serviços, saúde, TI, telecomunicação, serviços financeiros e varejo. "A chave para nossos negócios é gerenciar bem o risco, baseada em análise fundamentalista, enfatizando a preservação do capital", afirma. Cummis destaca que empresas de shopping centers com capital aberto como BR Malls e Iguatemi estavam com os ativos supervalorizados, mas quase tornaram atrativos recentemente e devem apresentar boa performance. Segundo Cummis, apesar do setor imobiliário no Brasil apresentar muitas oportunidades, a execução dos investimentos depende do acesso ao mercado de capitais, e que no momento enfrenta menor liquidez. "Algumas companhias imobiliárias, no entusiasmo diante das oportunidades, têm adotado expectativas irreais. Com o aumento da taxa de juros e a escassez de capital elas terão que adotar expectativas mais realistas", diz. Para o presidente da Tishman Speyer, empresa norte-americana de incorporação, e administração de imóveis, Daniel Citron, a crise no mercado acionário não tem afetado a demanda dos investidores estrangeiros para investir no setor imobiliário no Brasil. A empresa, que já alocou US$ 600 milhões, por meio de um fundo, em nove projetos no Brasil, cinco na área comercial e quatro no segmento residencial, e deve captar novos recursos com investidores estrangeiros neste ano, podendo levantar cerca de US$ 700 milhões. "Temos atuado em projetos de escritório corporativo, residências de médio e alto padrão, além de construções industrial e com foco em centros em distribuição. Estamos analisando atualmente cerca de seis a sete projetos nas regiões de SãoPaulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais", afirma.