Título: Ex-presidente volta à carga contra Lula
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/08/2008, Política, p. A11

São Paulo, 15 de Agosto de 2008 - Fora da cena política desde a morte da mulher, Ruth Cardoso, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) soltou o verbo ontem contra o excesso de grampos, as ações "espetaculares" da Polícia Federal e o uso de algemas pela corporação na operação Dupla Face, que investigou esquemas de corrupção no Incra e na Receita Federal. O ex-presidente também aproveitou o momento para criticar os gastos públicos do governo federal. Para FHC, a operação da PF, que prendeu 32 pessoas, foi uma provocação a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que na quarta-feira aprovou a súmula vinculante, limitando o uso de algemas a casos excepcionais. Ou seja, quando o acusado oferecer resistência à prisão ou perigo aos agentes envolvidos na operação. "O Tribunal determinou que algemas sejam utilizadas apenas quando houver perigo de fuga. Não havendo este perigo, a utilização das algemas é somente para desmoralizar. Isto é inaceitável", afirmou o ex-presidente durante entrevista à radio do PSDB. FHC disse que atuação da PF melhorou no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas enfatizou que a corporação não tem que se preocupar em dar espetáculos. "Acho que a PF precisa aumentar sua eficiência na prática e não no espetáculo", criticou. Em relação às interceptações telefônicas, o tucano considerou um "absurdo que haja 450 mil celulares grampeados sob o pretexto de que tem a Justiça por trás". Ele defendeu um maior controle sobre a polícia para evitar um "estado policialesco". FHC também não perdeu a oportunidade para alfinetar o governo Lula ao comentar as finanças da União. Segundo ele, o próximo presidente terá dificuldades com crescimento dos gastos públicos. "(O futuro presidente) terá que fazer um aperto nos gastos que este governo ainda não fez. Como o quadro geral mundial estará pior do que agora, será uma herança pesada para o próximo governo", alertou. No entanto, segundo o tucano, ainda há tempo de se frear os gastos correntes. "A taxa de investimento é baixa no Brasil, o investimento público continua baixo, apesar de todas as propagandas do PAC - que eu chamo de Plano de Aceleração da Comunicação, porque mais fala do que faz". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Fernando Taquari Ribeiro)

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