Título: Investimentos em TV paga superam R$ 1,6 bilhão
Autor: Melo, Clayton
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/09/2008, Empresas, p. C1

São Paulo, 9 de Setembro de 2008 - O engenheiro Luiz Eduardo Baptista da Rocha, presidente da Sky no Brasil, gosta de números e de fazer cálculos. Não por acaso, traz na ponta da língua o valor necessário para a próxima grande tacada da companhia: cerca de US$ 500 milhões, o equivalente a R$ 865 milhões. Essa é a quantia total que a operadora de TV vai desembolsar para ter um segundo satélite - hoje, opera com apenas um. Baptista da Rocha, conhecido no mercado simplesmente por Bap, conta que o equipamento está orçado em US$ 350 milhões, e que os demais US$ 150 milhões serão empregados em treinamento de equipes e outros custos relacionados ao produto, adquirido em forma de comodato pelos próximos 15 anos, tempo médio de vida útil de uma máquina desse tipo. O investimento no satélite será repartido com a subsidiária mexicana da Sky, que compartilhará o uso do equipamento, e será diluído ao longo desse período. A sopa de números de TV pagada não pára por aí. Ao investimento da Sky, segunda maior operadora do País, com 1,7 milhão de assinantes, soma-se uma estratégia milionária da Net. Líder do setor de TV por assinatura no mercado brasileiro, com 2,7 milhões de assinantes de televisão, 1,7 milhão de banda larga e 1 milhão de telefonia, a empresa reservou uma verba de R$ 800 milhões para desenvolvimento de tecnologias, entre as quais aquelas voltadas aos serviços de alta definição. No total, as duas organizações são responsáveis por um investimento equivalente a algo próximo de R$ 1,6 bilhão. No caso da Sky, são duas as principais razões para arquitetar uma estratégia tão ambiciosa. A primeira delas é contar com uma retaguarda para eventuais panes do satélite responsável pela geração do sinal da operadora. A outra é ampliar a capacidade de carregar canais, especialmente os de alta definição (HD), que utilizam uma banda maior. Como diz Baptista da Rocha, trata-se de uma aposta para o futuro que também confere maior segurança ao presente. "O segundo satélite vai funcionar como uma espécie de backup. Além disso, será uma peça importante na estratégia de expansão da empresa, pois permitirá, quando houver demanda para isso, aumentar a possibilidade de oferecer canais de alta de definição", afirma Baptista da Rocha à Gazeta Mercantil. O início da operação do segundo satélite está previsto para 2009. Novo cenário A avaliação do executivo é de que hoje não existe demanda comercial por canais de alta definição, responsáveis por investimentos elevados, mas que o cenário certamente mudará daqui alguns anos. O objetivo da Sky é se antecipar ao momento em que a alta definição será de fato uma realidade do mercado brasileiro. "Colocar no ar cinco ou quatro ou cinco canais de HD é fácil. Mas quero ver a concorrência oferecer, por exemplo, 15 canais. Atualmente eles não têm condições de fornecer uma quantidade tão grande", diz Bap, executivo há 12 anos no mercado de TV paga. Carioca de sotaque eloqüente, Baptista da Rocha fala rápido e modo incisivo ao detalhar seus planos. E gesticula muito, a ponto de abrir os braços para dizer que "a operação vai ficar muito mais complexa" daqui por diante. "Vamos treinar pessoal para lidar com a nova realidade. Precisaremos de técnicos capazes de lidar com alta definição", afirma. C2(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Clayton Melo)