Título: Brasil teme uma ruptura constitucional
Autor: Morais, Márcio de
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/09/2008, Nacional, p. A8

Brasília., 12 de Setembro de 2008 - O Brasil garante efetivo apoio ao governo de Evo Morales e à manutenção da ordem constitucional na Bolívia neste momento de crise nos departamentos (Estados) oposicionistas que culminou no rompimento de gasodutos. "Não toleraremos uma ruptura do ordenamento constitucional boliviano", disse ontem à tarde o secretário especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, em entrevista no Palácio do Planalto. Garcia liderará missão brasileira que viaja para La Paz. Contatado às 19h30 de ontem, o secretário especial da Presidência disse que a saída da missão "não tem data ainda". Planalto informado Os protestos oposicionistas na Bolívia causaram redução no envio de gás natural ao Brasil. Na entrevista no Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia reforçou que a ordem constitucional não pode ser violada na Bolívia. Destacou, ainda, que uma situação de desestabilização na Bolívia poderia "acarretar prejuízos extraordinários à região", devido à estratégica posição do país. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) havia divulgado nota oficial na quarta-feira, em reação à explosão da nova crise na Bolívia. Em sintonia com o que veio dizer um dia depois Marco Aurélio Garcia, a nota citava que "o Governo brasileiro se solidariza com o Governo constitucional da Bolívia e espera que cessem imediatamente as ações dos grupos que lançam mão da violência e da intimidação." Ontem, depois das declarações do secretário especial da Presidência da República e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o Itamaraty não voltou a se pronunciar. Informou apenas que acompanha a situação, com apoio da embaixada em La Paz, e mantém constantemente informado o Palácio do Planalto. Grupo de Amigos da Bolívia Garcia disse que o Grupo de Amigos da Bolívia, o qual engloba Brasil, Argentina e Colômbia, está buscando alternativas que promovam o consenso no país. A saída de missão rumo a La Paz depende do aval do presidente Evo Morales. Segundo o secretário especial, o presidente Lula manteve contato telefônico com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner e com Hugo Chávez, da Venezuela, para tratar da crise boliviana. O presidente da República estaria pronto também para discutir o tema com a presidente do Chile, Michelle Bachelet. Questionado sobre a gravidade da crise na Bolívia, Garcia disse esperar que uma solução seja encontrada para o impasse de forma a evitar "a hipótese de uma guerra civil." O secretário especial da Presidência classificou os atos como terrorismo, que prejudicam o diálogo. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Ayr Aliski)