Título: Cidade Limpa deve inspirar outros programas
Autor: Géia, Ana Maria
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/09/2008, Política, p. A10

12 de Setembro de 2008 - Pela continuidade - Apoiado em bons índices de aprovação, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), aposta nas principais ações de seu mandato, como o Cidade Limpa, para chegar ao segundo turno. Kassab encerra a série de encontros com a Gazeta Mercantil. Com essa mensagem, apoiado em bons índices de aprovação, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), pretende chegar aos corações e mentes do eleitor e ao segundo turno das eleições deste ano. Com uma estratégia de forte ênfase nas ações desenvolvidas durante o seu mandato - em especial nos últimos dois anos, quando assumiu o lugar do então prefeito, o hoje governador de São Paulo, José Serra (PSDB) -, Kassab destaca os planos de priorizar a saúde e a educação, sem esquecer o trânsito e a atração de novos investimentos para aquela que é a maior cidade da América Latina e quarta do mundo, com um orçamento de R$ 25 bilhões e uma população de 11 milhões de habitantes. Terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, com 18% segundo o Datafolha, atrás do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 24%, e da ex-ministra e também ex-prefeita Marta Suplicy (PT), líder com 39%, Kassab disputa com Alckmin o apoio de Serra. Aposta que ultrapassa o tucano já na próxima pesquisa e se prepara para o segundo turno, onde o foco deverá ser a comparação entre as duas administrações. O prefeito encerra a série Eleições 2008 Encontro com a Redação da Gazeta Mercantil, da qual participaram Alckmin, Marta e Paulo Maluf (PP). Os vídeos estão disponíveis no www.gazetamercantil.com.br. Prioridades Em resposta ao presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, digo que a nossa candidatura é de reeleição, de continuidade e ao longo desses quatro anos, deixamos claro que as nossas prioridades são educação e saúde. Temos 2,2 milhões de alunos na rede pública de ensino e 7,5 milhões de usuário do sistema de saúde. É evidente priorizar esses dois temas. Trânsito e transporte público É um problema importante, mas devemos dividir essa responsabilidade com os três níveis de governo. São Paulo tem 11 milhões de habitantes e é importante que a prefeitura faça a sua parte. Porque o problema do trânsito na cidade de São Paulo será resolvido com transporte público de qualidade. A solução é a continuidade das ações que estamos fazendo em São Paulo. Metrô, corredor de ônibus e intervenções de curto prazo. Além de medidas consideradas difíceis, mas necessárias, como a recente medida de restrição de caminhões numa área de 100 quilômetros quadrados do centro da cidade. Fazer corredor não é isolar uma faixa numa avenida, colocar tachão e chamar de corredor, é também ter área de ultrapassagem nos pontos paradas, nos cruzamentos eliminar as interferências e manter a velocidade da viagem. Com um transporte público de qualidade, também resolveremos o crescente número de acidentes com os motoboys. Saúde e Educação Constitucionalmente nós devemos investir na saúde 15% do orçamento. Neste ano vamos investir 20%. O problema da saúde é de recursos, o da educação não, não faltam recursos para a educação. Com 31% do nosso orçamento, construímos 25 CEUs (Centro Educacional Unificado), 218 escolas, acabamos com as escolas de lata e até o final do ano eliminaremos o "turno da fome" (das 11h às 15h). No que diz respeito à saúde, devemos continuar com o nosso modelo. Em relação à decisão do Supremo Tribunal de Justiça, estou tranqüilo. [o Tribunal proibiu parcerias entre a prefeitura e entidades privadas para gerir unidades de saúde]. Estamos recorrendo da decisão e amparados em uma liminar do STF, que é uma instância superior. E não é só uma questão da cidade de São Paulo, é do estado e também do governo federal, que quer adotar esse modelo de parcerias. Dívidas Temos uma demanda junto ao Senado Federal e também um pedido de apoio ao governo federal para que cidades como São Paulo, com um certo patamar de população, possam ser reconhecidas como cidades-estado, no que diz respeito a seus limites de endividamento. Se São Paulo tiver essa condição nós poderemos contrair financiamentos e investimentos que são de importância fundamental para o nosso desenvolvimento. Esse dinheiro seria investido em saúde e educação. Isso deve ser uma questão nacional, porque de nada adianta a cidade de São Paulo resolver os seus problemas se os municípios vizinhos não resolverem. Hoje estou deixando de fazer obras para investir mais em saúde, meio ambiente, cultura, habitação. Acho que o ideal seria a imposição constitucional de um investimento de 30% para a saúde. Com isso seriam realocados recursos de outras áreas como infraestrutura, como eu já estou fazendo, deixando esses investimentos para a parceria público privada e para as concessões. Nós já fizemos um pacote de obras para a próxima gestão de aproximadamente R$ 2,5 bilhões. Segurança Nossa prioridade é cooperar com o governo do estado e o federal, que tem essa responsabilidade, dotando nossa guarda civil metropolitana de melhores condições de funcionamento, fazendo com que a tecnologia seja igual para que as polícias possam conversar entre si e um maior uso das câmara de segurança. Estamos transformando a iluminação de mercúrio para sódio e vamos criar quase 30 mil novos pontos de luz na cidade. Atração de investimentos São Paulo é cada vez mais uma cidade voltada a grandes eventos e a serviços. Temos por exemplo a F1, que bateu o recorde de telespectadores no mundo, aproximadamente 300 milhões, gerando receitas e empregos. Temos uma área já declarada de utilidade pública, na Zona Norte, ao lado da Rodovia dos Bandeirantes, onde teremos o maior centro de feiras e exposições do mundo, uma área de cinco mil quilômetros quadrados, que deverá contar com toda a infraestrutura de hotéis, estacionamento, atividades esportivas, lazer. Será implantada por meio de um plano diretor, a ser concluída em 15, 20 anos e vai valorizar muitos os eventos de negócios em São Paulo e até mesmo no Brasil. Hoje o Brasil perde aproximadamente 20 grandes eventos internacionais/ano por falta de local adequado numa grande cidade como São Paulo. Os investimentos, ainda em estudo, deverão vir por parcerias público privadas ou concessão. Incentivos Fizemos recentemente um programa na Zona Leste, ao longo da Jacu Pêssego, que vai estimular investidores a se estabelecerem na região, aproximando emprego do trabalho. Também não podemos esquecer a Nova Luz, antiga cracolândia. Está na fase final da primeira etapa, que é a fase das desapropriações e, com isso, vamos ter a oportunidade de ter dois pólos de desenvolvimento industriais muito expressivos, a Zona Leste e a Nova Luz. Fazendo com que indústrias que já estejam em São Paulo migrem para essas regiões ou que estejam fora da cidade tenham interesse em voltar ou vir para São Paulo. Os incentivos à Nova Luz são para as empresas de informática, telecomunicações, tecnologia, investimentos muito expressivos nos campos de tributos municipais e estaduais. Vinte e sete empresas já foram habilitadas para receber esses incentivos, algumas empresas grandes, como IBM, Telefônica, e tantas outras. A Nova Luz é o modelo de desenvolvimento da cidade de São Paulo, o crescimento da recuperação em cima das áreas degradadas. Tributos Temos que tomar muito cuidado quando assumimos compromissos de isenções, não podemos correr o risco de reduzir a arrecadação tributária. Não vamos aumentar taxas nem criar novas, mas, em relação ao IPTU de shopping centers, por exemplo, que são atividade comerciais, temos outras prioridades, como a tarifa de ônibus. Em 2008 não aumentamos a tarifa de ônibus e já avisei que em 2009 não reajustarei também, por conta da boa saúde financeira de prefeitura. Não estou descartando mudanças para os shoppings, mas seria uma leviandade muito grande assumir agora qualquer compromisso. Vamos cumprir o pólo industrial da Zona Leste, a Nova Luz, não aumentar tarifa de ônibus, não criar novas taxas, novos impostos. Mas em relação à questão levantada pelo presidente da Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping, Nabil Sahyon, vamos conversar. Não estou dizendo não, mas afirmar que farei seria uma leviandade muito grande. Cidade Limpa Não teve custo e, por conta das multas, foi um programa superavitário. As multas são muito altas, R$ 10 mil por equipamento (outdoor). O programa se tornou referência internacional. Agora estamos estendendo o programa para outras áreas, como a reforma de calçadas. Meio ambiente Com o Cidade Limpa, mostramos ser possível enfrentar outros tipos de poluição, como a do ar, a sonora. No próximo ano, 100% dos veículos vão passar pela inspeção. Até o final do ano teremos plantado 600 mil árvores e vamos deixar São Paulo com 60 parques (encontramos com 31). Temos dois aterros e 15 mil toneladas de lixo/dia. Os gases que esses aterros emitem são convertidos em energia. O orçamento da Secretaria de Meio Ambiente foi triplicado, de R$ 150 milhões em 2004, para quase R$ 500 milhões neste ano. Também estamos avançando na reciclagem. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Marcello D¿Angelo, Ana Maria Géia e Sandra Nascimento)