Título: País reforça decisão em manter tarifa de Itaipu
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/09/2008, Infra-Estrutura, p. C11
Brasília, 12 de Setembro de 2008 - A menos de uma semana da primeira visita do novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ao Brasil, o governo brasileiro mantém a posição irredutível frente a possibilidades de alterações da energia elétrica de Itaipu. O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, esteve ontem com Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, no Palácio do Planalto, sendo o tema "Paraguai" o assunto principal do encontro. Ao final da reunião, Samek tentou ser diplomático, dizendo que "não há nenhu-ma proposta fechada ou aberta" para o Paraguai, mas deixou claro que não há espaço para mexer no valor pago pelo Brasil pela energia de Itaipu, de cerca de US$ 45 por megawatt/hora. "O Paraguai já recebeu US$ 4,6 bilhões relativos a cessão de energia e royalties. Defendo a posição de que estamos pagando o preço justo pela energia", disse, taxativo. A chegada do Lugo ao Brasil está prevista para o dia 17. Segundo Samek, o que está firme é a determinação brasileira de apoiar o Paraguai na construção de uma nova linha de transmissão entre Itaipu e Assunção. Trata-se de projeto estimado em valor entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões. O Brasil estaria pronto para fornecer financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a obra. "Se o Paraguai quiser", disse Samek. Atualmente, as linhas de transmissão que ligam Itaipu à capital paraguaia tem capacidade de 220 kV. A linha proposta pelo Brasil seria de 500 kV, com maior capacidade, o que proporcionaria expansão econômica no Paraguai. As discussões de uma nova linha de transmissão até Assunção não são novas: já eram debatidas entre o Brasil e o governo anterior do Paraguai, de Nicanor Duarte. Samek destaca que a energia gerada por Itaipu atende 100% da demanda paraguaia e 20% da brasileira. A proposta do Brasil é utilizar o potencial de energia para aperfeiçoar o potencial produtivo e exportador do país vizinho. A meta, portanto, é industrializar o Paraguai. "Em vez de ser um produtor de soja, o Paraguai pode também transformar isso em óleo, farelo", afirmou o diretor brasileiro de Itaipu. O tratado de Itaipu, que estabeleceu a construção da usina, é de 1973. A hidrelétrica binacional começou a gerar energia em 1994. Atualmente, com as 20 unidades geradoras em atividade, o rio Paraná em condições favoráveis e com chuvas em níveis normais em toda a bacia, a geração poderá chegar a 100 bilhões de quilowatts-hora. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 10)(Ayr Aliski)