Título: SuperClubs faz parceria para aquisição do Costa do Sauípe
Autor: Oliveira, Regiane de
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2008, Nacional, p. A5

São Paulo, 15 de Setembro de 2008 - Em mais um capítulo da rocambolesca venda do resort Costa do Sauípe, localizado a 80 km de Salvador, é a vez da rede jamaicana SuperClubs mostrar que é forte candidata para levar o empreendimento. John Issa, presidente mundial da empresa, chegou sábado ao País para acelerar as negociações de compra do resort com a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), proprietária do complexo. Até então, o grupo jamaicano vinha sendo colocado de lado como possível candidato, uma vez que sua intenção seria apenas assumir como administrador do complexo, em um contrato de arrendamento. Os objetivos da empresa não mudaram muito: seu foco ainda é gerir o resort, no qual já administra dois hotéis com a marca Breezes. Mas para atender às expectativas da Previ, a empresa associou-se a um grupo árabe (cujo nome é mantido em sigilo) e também à operadora de turismo espanhola Globalia para firmar um acordo de compra. Segundo executivos próximos à negociação, o SuperClubs terá uma participação de 5% no negócio. A posição da empresa, entretanto, é mais estratégica do que se pensava. Para vender o resort, a Previ negociou a saída das bandeiras que administravam seus hotéis, cujos contratos, que previam remuneração mesmo em caso de resultado negativo das operações, há muito tempo não agradavam ao fundo de investimento. A rede francesa Accor Hotels operava dois hotéis com marca Sofitel e foi a primeira a negociar sua saída no final de 2007. Este ano, o contrato com a norte-americana Marriott também foi encerrado, restando apenas o SuperClubs e a rede portuguesa Pestana, gestora de seis pousadas. "A questão é que o contrato com o SuperClubs tem uma cláusula de preferência de compra nas mesmas condições de outras empresas que fizerem ofertas, e isso os coloca em uma posição de vantagem frente à concorrência", explica um executivo do setor hoteleiro que acompanha as negociações. O único problema, afirma esse executivo, é que o SuperClubs, apesar de freqüentemente anunciar que suas operações são superavitárias, tem uma dívida de R$ 5 milhões com a Previ. "Provavelmente do pagamento de condomínio do complexo", explica o executivo. E esse seria o outro motivo para a visita do presidente mundial da empresa ao Brasil. "A Previ não pode arriscar-se a perder mais esse montante, por isso, vai sentar com a empresa para ouvir o que ela tem a dizer." O fundo aplicou desde 1997 mais de R$ 1,5 bilhão no complexo. Só para a rescisão de contrato com a Marriott, há boatos de que a empresa pagou mais de R$ 25 milhões de multa, um valor exorbitante para os padrões locais, segundo fontes do mercado. Conforme o balanço patrimonial do ano passado, o valor do resort é de R$ 173 milhões. Mas especula-se que sua venda não sairá por muito mais de R$ 200 milhões. A pechincha colocou nada menos que 11 propostas na mesa da Previ, segundo afirmou em entrevista à Gazeta Mercantil, o diretor-presidente da Sauípe Hotels & Resorts, Alexandre Zubaran. Estas propostas são em grande maioria de grupos internacionais, como a rede espanhola Riu, o grupo hoteleiro Sovereign Hospitality Holdings, do Kuwait, e a grande aposta do mercado, o grupo árabe IFA Hotels & Resorts. Mas até mesmo a operadora de turismo CVC já entrou na disputa. Ao que tudo indica, as negociações podem levar mais um tempo. "A possibilidade de a compra sair ainda nesta semana é pequena", afirma outro executivo que acompanha as negociações. Mas nada é garantido. "Como o valor de venda é baixo, a companhia que fizer uma oferta mais agressiva pode acabar levando o complexo rapidamente", diz um executivo, que descarta o esquema de leilão. Por enquanto, oficialmente, Previ e SuperClubs afirmam apenas que não podem comentar sobre as negociações. O SuperClubs nega a existência de qualquer dívida com a Previ. John Issa, presidente mundial da empresa, deve ficar no Brasil até meados desta semana. Hoje, ele tem reunião agendada com o governador da Bahia, Jaques Wagner. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Regiane de Oliveira)