Título: Em São Paulo, a briga é para enfrentar Marta
Autor: Nascimento, Sandra
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2008, Política, p. A9

São Paulo, 15 de Setembro de 2008 - A temperatura deverá subir nos próximos dias de campanha municipal. Em São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) travarão uma batalha para decidir quem vai ao segundo turno contra a candidata do PT, Marta Suplicy. A meta é clara, mostrar aos eleitores que não querem a vitória da petista quem é o mais capaz para impedi-la. A estratégia também: atacar principalmente o fato de a ex-ministra não ter sido reeleita, ou seja, reprovada pela população nas urnas. Para democratas e tucanos, o primeiro desafio será a capacidade para administrar a própria campanha. Depois, já no segundo turno, será juntar os caquinhos. Nem mesmo a eleição de Alckmin poderá evitar que o partido caminhe chamuscado para a campanha presidencial de 2010. O ex-governador e o atual prefeito estão tecnicamente empatados em segundo lugar nas duas mais recentes pesquisas. Na sexta-feira o Ibope trouxe os dois candidatos com 21% das intenções de voto, com Marta na liderança com 35%. No sábado, o Datafolha veio com números bem parecidos: 21% para Kassab, 20% para Alckmin e 37% para a Marta. Nas simulações de segundo turno o tucano empata tecnicamente com Marta. Mesmo resultado obtém o democrata na disputa com a ex-prefeita, tirando o até então favoritismo de Alckmin como adversário do PT. Mas enquanto o primeiro apresenta uma curva ascendente clara e aparentemente consolidada, o segundo perdeu pontos significativos, por conta de uma campanha insatisfatória e sem rumo, que resultou na troca do comando do programa eleitoral de rádio e tv. Kassab tem ainda a seu favor duas máquinas, a da prefeitura e a do governo do estado. Embora o governador José Serra tenha comparecido ao jantar de apoio a Alckmin na semana passada, para a alegria da ala tucana que defende a candidatura própria, a falta de entusiasmo do governador na defesa do companheiro de partido deixou claro que ele não mudou de opinião quanto a quem é o seu candidato favorito. Ao comemorar a subida nas pesquisas, no sábado, o prefeito fez questão de retribuir e agradecer a Serra e à parte do PSDB que está com ele. Na disputa para mostrar que podem derrotar Marta, os candidatos esbarram na crescente aprovação popular ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, na semana passada chegou ao recorde de 64%. Destaque para o crescimento desta na região Sudeste, onde Lula pela primeira vez obteve apoio da maioria dos pesquisados nas regiões metropolitanas que têm curso superior e entre aqueles com renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos. Justamente a fatia da população mais associada aos adversários da ex-ministra. Os números pró-Lula provocaram uma reação imediata e de eficácia ainda a ser comprovada. Kassab anteriormente já havia usado "as boas relações com o governo federal" em sua campanha e agora, é a vez do tucano, como mostra uma das mais novas inserções comerciais, na qual o narrador diz: "Com o Lula tudo bem, o problema é o PT". Mas, na capital paulista, o palanque que Lula sobe é o do PT da Marta. O efeito alavanca é também evidente em Belo Horizonte, onde o candidato do prefeito petista Fernando Pimentel e do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, Márcio Lacerda (PSB), desconhecido até o início do horário eleitoral gratuito, quando estava com cerca de 7% das intenções de voto, chegou a 42% segundo pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira. Ele está 30 pontos à frente da candidata do PC do B, Jô Moraes, que tem agora 12%. No Rio de Janeiro o candidato do PMDB, que conta com o apoio do governador Sérgio Cabral, subiu oito pontos, segundo o mesmo instituto, e está com 27%, deixando o antes favorito Marcelo Crivella (PRB) para trás, com 23%. Em menos de um mês, Paes dobrou seu percentual no intervalo de três pesquisas. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Sandra Nascimento)