Título: Presidentes apóiam Morales e legitimidade de seu governo
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/09/2008, Internacional, p. A11

Santiago do Chile, 16 de Setembro de 2008 - O presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva foi ontem o último dos presidentes que integram a União das Nações Sulamericanas (Unasul) a chegar para a reunião de cúpula que se realizou no Palácio La Moneda em Santiago do Chile. A reunião de emergência, convocada pela presidente chilena tem como meta conter a crise na Bolívia, que já deixou um saldo de 30 mortos em confrontos. Recebido pela presidente chilena, Michelle Bachelet, Lula viajou em companhia do chanceler Celso Amorim, do Ministro da Comunicação, Franklin Martins e do assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Na semana passada, o presidente Lula se ofereceu para intermediar um acordo, mas Evo Morales recusou a oferta. O Brasil já deixou claro que não tomará nenhuma posição que afete a soberania do governo boliviano e da oposição. O presidente Lula, por meio de Garcia, disse que a declaração de Morales não causou problemas diplomáticos entre os dois países. Ao chegar, o presidente boliviano agradeceu o encontro de emergência dos líderes sul-americanos e disse que explicaria o que considera um "golpe de Estado" dos governadores de oposição contra seu governo. "Venho aqui para explicar aos presidentes da América do Sul sobre um golpe de Estado civil formado nos últimos dias por governos de alguns departamentos", disse. "Essa convocação dos presidentes será muito importante para buscar não somente a união da Bolívia, mas da América do Sul" acrescentou Morales, antes de participar do encontro. Enquanto Morales era recebido pela presidente Bachelet, os governadores rebeldes divulgaram a tentativa de reunião para elaborar um documento que amenize a crise no país e que poderia ser assinado ainda ontem. O chanceler chileno, Alejandro Foxley, antecipou ontem que no rascunho do comunicado que deve ser emitido ao fim da reunião deve constar que é "indispensável, desde já, pôr fim à violência na Bolívia". O rascunho, explicou o chanceler, também dirá taxativamente que "a autoridade legítima da Bolívia é o presidente Evo Morales", reafirmando que "a unidade territorial não deve ser questionada", o que indica um ataque aos projetos autonomistas impulsionados pela oposição boliviana. Entre as propostas que serão discutidas na reunião está a possibilidade de enviar uma missão de diálogo à Bolívia, que pode ser acompanhada por um representante do Chile - país que exerce a presidência temporária do bloco - ou pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que participa da reunião de hoje como observador. Segundo Foxley, o documento que será divulgado após a reunião será fruto do consenso dos participantes e refletirá que "não defendemos a confrontação, nem dentro da Unasul, nem fora dela". Para o chanceler chileno, a Bolívia é muito importante para a América Latina e "por isso é importante fortalecer o processo democrático" no país. Em Cobija, capital do departamento de Pando, o governador Leopoldo Fernández, acusado por La Paz de ordenar um massacre de camponeses em meio à onda de violência, disse que manterá sua rebelião contra Morales "para evitar que o país se transforme em uma nova Cuba". Afirmou que sua região, na fronteira com Acre e Rondônia, "resistirá" ao estado de sítio decretado pelo governo central. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Agências)