Título: Analistas advertem para freada na expansão da América Latina
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/09/2008, Internacional, p. A12

Londres, 16 de Setembro de 2008 - A quebra do Lehman Brothers, um dos fracassos mais importantes da história de Wall Street, vai afetar o mundo inteiro, inclusive a América Latina, por causa da maior volatilidade dos mercados e porque vai haver menos dinheiro para emprestar, disseram analistas em Londres. "A crise vai afetar todos os mercados, e a América Latina é, entre os mercados emergentes, uma das regiões mais vulneráveis à volatilidade e à incerteza", disse o analista Mike Lenhoff, principal estrategista financeiro da empresa Brewin Dolphin, com sede em Londres. "Os mercados latino americanos são arriscados. É por isso que oferecem maiores rendimentos, mas também são, por essa razão, mais voláteis que os da Ásia e da Europa", completou. Fortes turbulências Os mercados financeiros latino americanos "sofreram, por sua vez, fortes turbulências" depois da queda das principais bolsas da Ásia e da Europa provocada pelo colapso do Lehman Brothers e pela compra de urgência do seu rival Merrill Lynch por parte do Bank of America (BofA). "Os mercados vão cair fortemente, não sabemos o que vai acontecer", disse Richard Crossley, da empresa Merchant Securities. "Além disso, este colapso financeiro que estamos vendo não é propício ao crescimento econômico em nenhum lugar do mundo, e tampouco vai favorecer o crescimento na América Latina, que vai-se ver afetada pela desaceleração econômica nos EUA e na Europa", seus sócios comerciais mais importantes, informou Mike Lenhoff. "A crise vai frear o crescimento dos países em desenvolvimento", disse Lenhoff. O analista David Buick, sócio da empresa BGC Partners, com sede em Londres, concordou que os efeitos do colapso do sistema financeiro, ao menos "do colapso do sistema financeiro tal como conhecíamos até o momento", foram sentidos internacionalmente, e portanto, também na América Latina". "Haverá menos dinheiro para emprestar, os investidores vão fugir do risco e vão buscar mais segurança, razão pela qual menos dinheiro e investimentos vão chegar à América Latina", profetizou David Buick. Contudo, o analista estimou que os novos tremores financeiros provocados pela quebra do Lehman Brothers e a venda do Merrill Lynch "não terão um grande impacto no sistema bancário interno" dos países da região. Conseqüências do colapso As conseqüências do colapso do gigantes das finanças "se darão mais no nível internacional que no doméstico", informou Bui, que afirmou que "o período de incerteza e de volatilidade intensificado pela concordata do Lehman Brothers vai durar entre seis e dezoito meses". O anúncio da quebra do Lehman ocorreu logo depois de o esforço para encontrar um comprador para o banco de investimentos de Wall Street ser frustrado. Com US$ 639 bilhões em ativos no final de maio, a concordata do Lehman Brothers é considerada a maior da história dos EUA. (Ver mais na páginas B1 a B5.) (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP)