Título: Governo de Morales e oposição dialogam
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/09/2008, Internacional, p. A18
La Paz, 18 de Setembro de 2008 - O governo boliviano do presidente Evo Morales e a oposição anteciparam para ontem a negociação sobre as condições para um pacto pela paz e a reconciliação nacional, depois de três semanas de confrontos que deixaram 18 mortos e um país dividido, à beira da guerra civil. As exportações de gás haviam sido normalizadas. (Ver mais na pág. C10.) As discussões tiveram como mediadores e testemunhas do diálogo a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Igreja Católica, a União Européia e a Organização das Nações Unidas (ONU). O entendimento prevê o início das negociações na cidade de Cochabamba e estabelece, entre outras medidas, a devolução ao Estado de prédios públicos tomados pelos opositores, o restabelecimento da paz e uma investigação imparcial do massacre de 16 camponeses em Pando semana passada, anunciou o governo. Depois de cinco dias de discussões tensas, os dois lados aprovaram um acordo que serve de base para acabar com a crise política. O acordo foi assinado na madrugada de terça-feira pelo governo, mas a oposição só firmou o mesmo à noite, poucas horas depois do prefeito (governador) da região de Tarija, Mario Cossío, ter afirmado: "O diálogo não morreu, mas está em agonia". O próprio Cossío assinou o acordo em representação aos colegas de Santa Cruz, Beni, Pando e Chuquisaca, abrindo a possibilidade de uma distensão depois de três semanas de violência. "Que seja o início de um grande acordo nacional para dar paz e tranqüilidade a nossa gente", disse Cossío. Os prefeitos bloquearam a assinatura do documento em protesto pela detenção e posterior confinamento em Cochabamba do prefeito de Pando, Leopoldo Fernández, a quem o governo responsabiliza pelo massacre de 16 camponeses leais ao presidente Morales. Após a prisão de Fernández, muitos moradores de Cobija, capital de Pando, cruzaram a fronteira com o Brasil para se refugiar na cidade de Brasiléia, no Acre. (Ver matéria abaixo.) Enquanto o diálogo estiver em curso, o governo deve deixar em suspenso o referendo sobre uma nova Constituição - previsto para janeiro de 2009 -, uma demanda central de cinco das nove regiões que não aceitam o texto. Além do grave conflito interno, a Bolívia recebeu a notícia de que os Estados Unidos a incluíram na lista de países que não cumprem as obrigações de luta contra o narcotráfico. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 18)(AFP)