Título: Mercado americano ignora ajuda governamental e desaba
Autor: Grynbaum, Michael M
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/09/2008, Finanças, p. B1

18 de Setembro de 2008 - Uma das mais impressionantes operações de salvamento feitas pelo governo na história americana falhou ontem em conter os temores de fuga que afundam o sistema financeiro. Os investidores embarcaram em um vôo frenético rumo à segurança ontem, poucas horas depois de o Federal Reserve e o Departamento do Tesouro escorarem a AIG (American Interna-tional Group), a agonizante gigante das seguradoras, com um empréstimo de US$ 85 bilhões. Muitos se perguntaram qual das, um dia, orgulhosas instituições seria a próxima a quebrar. "Há um sentimento crescente de que não há um fim para isso tudo em vista", disse Edward Yardeni, um estrategista de investimentos. Os investidores, procurando por segurança em um mercado que até agora tem se recusado a se estabilizar, injetaram dinheiro ontem em títulos ultra-seguros do governo, levando o rendimento sobre contas de curto prazo do Tesouro aos níveis mais baixos em 50 anos. As ações em todo o mundo despencaram. A média industrial do Dow Jones perdeu mais de 200 pontos, apesar dos esforços do governo federal para escorar a AIG. A jogada evitou um colapso potencialmente devastador da companhia, mas os investidores pareciam já ter voltado sua atenção para outro lugar. "O impacto positivo desses reparos, resgates e operações de salvamento governamentais estão claramente desaparecendo", disse Yardeni. "Não há novidade mais nisso." O índice amplo de ações Standard & Poor""s 500 foi negociado em queda de cerca de 2,8%.O índice Dow Jones fechou em baixa de 4,06%, a o Nasdaq, em 4,94%, também negativo. Em Londres, o índice referencial FTSE 100 fechou em queda de 2,26%, e os índices em Paris e Frankfurt caíram mais de 2%. Com o Fed agora sobrecarregado com bilhões de dólares em empréstimos e cauções de instituições financeiras com problemas, o Tesouro disse que emitiria US$ 40 bilhões em novos títulos do governo para ajudar o banco central. O preço do ouro, um tradicional porto seguro em tempos de turbulência, subiu US$ 70 a onça, a maior alta em um dia em nove anos. Na Ásia, os investidores estavam começando a mostrar hesitação mesmo antes do terremoto financeiro da semana passada. Agora - de bancos centrais a cor-porações industriais, de fundos de "hedge" aos indivíduos que se enfileiraram para sacar dinheiro da AIG ontem - uma cautela, sem precedentes na história recente, em relação aos Estados Unidos está se estabelecendo. "Não é necessário muito para que o homem na rua fique muito, muito preocupado", disse Dan Parr, chefe da Asia Pacific para a brandRapport, agência de consultoria de marketing com escritório em Hong Kong. E a preocupação estava clara entre os clientes. "Eu escolhi a AIG pelo melhor serviço e confiabilidade, na condição de marca americana", disse Jin Ling, um cliente em Pequim, se referindo a uma subsidiária da AIG. "Quem esperaria que ela de repente pedisse concordata?" Ver também págs. B2 e B3(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Michael M. Grynbaum/ The New York Times)