Título: Noruega promete US$ 1 bi se Brasil reduzir desmatamento
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 17 de Setembro de 2008 - Sob o compromisso de reduzir o desmatamento na Amazônia, o Brasil poderá receber até US$ 1 bilhão da Noruega para o financiamento de projetos de proteção ambiental até 2015. Os recursos seriam destinados ao Fundo Amazônia. O compromisso foi estabelecido ontem pelo primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Os repasses ocorrem somente se forem comprovados avanços no combate ao desmatamento. Inicialmente, os recursos noruegueses destinados ao Fundo Amazônia serão de cerca de US$ 130 milhões, em 2009. A Noruega é o primeiro país a realizar doações para o Fundo Amazônia. Stoltenberg recebeu o convite para conhecer o Brasil durante visita do presidente Lula à Noruega, no final de setembro do ano passado. Stoltenberg disse que novos repasses para o Fundo Amazônia deverão ocorrer conforme comprovadas as reduções no desmatamento, o que dependerá basicamente de imagens de satélite. "A atuação do Brasil na luta contra o desmatamento é, portanto, essencial para que os esforços contra o aquecimento global sejam bem-sucedidos. Admiro a iniciativa do presidente Lula para conter o desmatamento e estou contente porque a Noruega terá a oportunidade de colaborar com esse importante trabalho", acrescentou. Stoltenberg, em sua primeira visita ao Brasil, falou à imprensa no início da manhã, antes de iniciar os compromissos oficiais. A entrevista foi concedida no gramado em frente ao Congresso Nacional, sob o calor e baixa umidade característica de Brasília no início de setembro. O primeiro-ministro, que na segunda-feira esteve no Rio de Janeiro, cumpre hoje a agenda em Santarém, no Pará, com o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Depois Stoltenberg segue para Santiago, capital do Chile. Stoltenberg reafirmou a iniciativa norueguesa em apoiar os povos indígenas. Tratam-se de ações realizadas também em outros países das Américas, na África e na Ásia. Para 2008, o orçamento destinado ao Brasil é de 17 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a cerca de R$ 5,4 milhões, recursos repassados a associações indígenas e organizações não-governamentais (ONGs) indigenistas. O primeiro-ministro concentrou suas declarações em torno de ações na área ambiental, deixando temas econômicos para segundo plano. Questionado sobre o potencial agrícola brasileiro, que muitas vezes coloca em xeque a capacidade de o País promover a proteção ambiental, Stoltenberg contornou a pergunta. Sobre o crescimento da produção brasileira de etanol, o primeiro-ministro disse que "ainda é cedo para falar disso". O embaixador do Brasil em Oslo, Sérgio Eduardo Moreira Lima, entretanto, destacou que as relações comerciais entre Brasil e Noruega têm crescido gradativamente. "A Noruega é o principal investidor no Brasil entre os países nórdicos", disse o embaixador. A empresa norueguesa Yara recentemente adquiriu a Adubos Trevo e a Fertibrás, tornando-se a segunda maior produtora de fertilizantes do Brasil. Stoltenberg manteve reuniões com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; e com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. A Noruega tem tradição na exploração de petróleo em alto mar (off-shore). O ponto de partida da viagem foi o Rio e, não por coincidência. material da embaixada da Noruega cita que "o Rio de Janeiro é o centro da indústria brasileira de óleo e gás" e destaca as últimas descobertas de reservas no litoral. E destaca a existência de mais de 100 empresas norueguesas ativas no mercado de óleo e gás brasileiro. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ayr Aliski)