Título: No Brasil, Lugo negocia preço
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Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2008, Infra-Estrutura, p. C8
Assunção, 17 de Setembro de 2008 - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, pedirá um preço justo pela energia da hidrelétrica binacional de Itaipu e irá propor livre disponibilidade para vendê-la a outros países, em sua primeira visita oficial a Brasília, informaram ontem fontes do governo. "O Paraguai pedirá o preço justo e a livre disponibilidade para vender a energia a terceiros países em sua visita quarta-feira (hoje) a Brasília", disse o diretor paraguaio da hidrelétrica binacional, Carlos Mateo Balmelli, após encontro com Lugo. Balmelli acompanhará o presidente em sua primeira visita oficial ao Brasil, na qual o chefe de Estado será recebido por Luiz Inácio Lula da Silva. Em declarações públicas, Lugo manifestou reiteradas vezes que o "preço justo" é o "preço de mercado". O pedido será feito com base num acordo assinado entre Paraguai e Brasil em 1996, comentou Balmelli. Este "preço justo" consiste em multiplicar por pelo menos cinco o que o Paraguai recebe, ou seja, dos atuais US$ 300 milhões passar para entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. "O Brasil tem que entender que aqui precisamos de um desenvolvimento associado e não dependente. Para o Brasil, país líder da região, não convém ter um vizinho e sócio pobre, um país irmão com o que está comprometido", declarou. Lugo fez do tema de Itaipu a coluna vertebral de sua campanha para as eleições de 20 de abril passado. Nas eleições, o ex-bispo católico derrotou, por 40% contra 30%, Blanca Ovelar, a candidata do partido Colorado, cujo fracasso acabou com 61 anos ininterruptos de poder. Em conversas não oficiais, o presidente Lula ofereceu a Lugo o aumento das compensações que o Brasil paga para o Paraguai pela compra de sua parte da energia da hidrelétrica. Ao mesmo tempo, advertiu-lhe que seu sócio pede a renegociação do tratado. O assunto passará à consideração do Congresso brasileiro, onde o desejo paraguaio não deve ser atendido. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(AFP)