Título: Desafio é manter o crescimento
Autor: Assis, Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/09/2008, Nacional, p. A4
São Paulo, 19 de Setembro de 2008 - O crescimento da China e sua pressão sobre a demanda internacional de commodities foram importantes fatores de aceleração da economia brasileira. Este componente externo, a abertura do País para a economia mundial, com moeda estável, e a confiança do consumidor mudaram o perfil da economia brasileira. O desafio é manter este equilíbrio e sustentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potencial de cerca de 5% de maneira constante, sem as oscilações que ocorriam no passado. "O Brasil tem uma nova economia", afirmou o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do Banco Central (BC) e sócio fundador da Quest Investimentos Ltda, que participou de seminário para executivos do mercado financeiro na sede da Serasa, em São Paulo (SP). O País conseguiu "fazer a lição de casa e adotou políticas macroeconômicas consistente com o Plano Real". De acordo com Mendonça de Barros, estas medidas permitiram a implementação de ajustes que quebraram o ciclo vicioso da economia brasileira, marcado pelos aumentos da demanda, pressão sobre a oferta, aumento de preços industriais, inflação e elevação de juros do BC para conter as pressões de alta. Segundo o economista, a partir do momento em que os chineses começaram a afetar os preços internacionais, na última década, o Brasil, que tem cerca de 60% das exportações relacionadas a commodities e conta com um setor agrícola eficiente, foi um dos países que melhor aproveitou esta expansão e construir sua base de reservas cambiais. Com as importações como elemento de abastecimento do mercado interno e a corrida das indústrias para recuperar o mercado perdido para os fornecedores externos, o investimento em bens de capital disparou, comenta Mendonça de Barros. Ele lembra que o consumo interno adquiriu também uma dinâmica própria e experimenta um crescimento a taxas chinesas, de 18% ao ano, suportado pela equação salário e alavancagem de crédito. Os investimentos em máquinas e equipamentos, que apresentam um relativo atraso em relação ao consumo, cresceram de forma contínua nos últimos quatro anos. Para Mendonça de Barros, este elemento manteve firme a demanda privada por bens de capital. Este movimento, na avaliação do economista, define o quadro brasileiro atual, no qual os gastos privados ascendente superam os do governo. "O tamanho do governo está diminuindo e isto não ocorre pela redução dos seus gastos. Nos últimos três anos, o tamanho do governo está diminuindo pelo crescimento do setor privado", diz o economista. "O governo permanece gastando muito, ele não emagreceu, apenas não consegue engordar no mesmo ritmo do setor privado", assinala. Essa mudança é significativa, diz Mendonça de Barros. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Jaime Soares de Assis)