Título: Peru quer acelerar acordos bilaterais
Autor: Saito, Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/09/2008, Nacional, p. A6

São Paulo, 19 de Setembro de 2008 - O governo peruano propôs a criação de um acordo bilateral de livre comércio com o Brasil. Em evento ontem, em São Paulo, o presidente do Peru, Alan García, disse que a integração do Século 21 não deve se limitar à Comunidade Andina de Nações (CAN) e ao Mercosul. "Não devemos sacrificar a integração entre os países em respeito a instrumentos do passado. A Comunidade Andina e o Mercosul não são um fim em si mesmo, mas um meio de integração", afirmou. Para o presidente peruano, a atual crise financeira internacional e o fracasso nas negociações da Rodada de Doha são mais um estímulo à assinatura de um tratado de livre comércio. García defendeu que os prazos para a vigência do acordo assinado entre os dois países em 2004 sejam antecipados de 2019 para 20015. "Queremos fortalecer a relação econômica através de um acordo bilateral. O acordo pode ser complementado, os prazos encurtados e ao mesmo tempo incluir novas áreas como a financeira", acrescentou o presidente peruano. Antes do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, García participou da abertura do Fórum de Investimentos, Comércio, Turismo e Cultura do Peru, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reúne até hoje mais de 300 empresários dos dois países em 900 encontros de negociação. A iniciativa do presidente peruano de fortalecer as relações entre os dois países recebeu o apoio do presidente da entidade, Paulo Skaf. "Nós temos de falar do pós-Doha, que deve caminhar para acordos bilaterais. E por que não iniciarmos com um arrojado acordo com o Peru?", complementou Skaf . Corrente de comércio A corrente de comércio entre Brasil e Peru deve superar US$ 3 bilhões neste ano. "Não é o suficiente considerando a extensão da fronteira. Temos como objetivo construir uma parceira mais forte com o Brasil", disse o presidente do Peru, acrescentando que o volume de negócios pode ser dez vezes maior. Para isso, García também quer atrair investimentos de empresas brasileiras para o seu país. Segundo o presidente peruano, o Peru, que já conta com um tratado de livre comércio com os Estados Unidos e em novembro deve assinar acordo com a China, pode ser uma plataforma para a projeção do Brasil no exterior. Ele disse ainda que a Rodovia Transoceânica, ligando o Acre ao porto de Ilo, no sul do país, estará concluída até 2011 e pode funcionar para o Brasil como um corredor de acesso ao mercado asiático. O governo peruano busca também parceria brasileira para construir usinas hidrelétricas binacionais nos Andes. Segundo García, seu governo ainda está realizando estudos sobre a viabilidade do projeto, mas já estima que o potencial de geração de energia elétrica pode chegar a 80 mil megawatts (MW). (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ana Carolina Saito)