Título: Estatal atrasa plano de antecipação do gás
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/09/2008, Infra-Estrutura, p. C4

Rio de Janeiro, 19 de Setembro de 2008 - O atraso em algumas operações planejadas para a produção de gás natural provocará um adiamento no cumprimento das metas do Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás) previstas para este ano. A informação foi dada pela diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, em palestra no Rio Oil & Gas, que terminou ontem no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro. Inicialmente, a previsão era de que a oferta de gás natural nacional atingisse 40 milhões de metros cúbicos por dia até o fim do ano. Essa meta, no entanto, só será atingida no final de março do próximo ano. Segundo a diretora, as estimativas indicam que, no fim deste ano, a oferta de gás nacional chegue a apenas 28,5 milhões de metros cúbicos por dia. Ainda assim, a estatal elevará a oferta em 5,6 milhões de metros cúbicos por dia neste ano. Com a normalização do fornecimento de gás natural proveniente da Bolívia, a Petrobras vem operando atualmente com excesso de gás natural e vai ao mercado negociar com as distribuidoras esse excedente. Graças Foster explicou que esse excedente, que chega a 1 milhão de metros cúbicos por dia, deve-se à situação dos reservatórios do País, que em razão do volume adequado de chuvas, permitiram o desligamento das usinas termelétricas. Como o País ainda não tem a sua rede de gasodutos totalmente interligada, a empresa não tem como deslocar o gás para regiões onde há escassez do produto, o que só acontecerá quando os novos gasodutos previstos para entrar em operação estiveram funcionando. "Essa falta de integração na rede de dutos faz com que pelo menos um milhão de metros cúbicos/dia de gás natural fique preso nas pontas de rede, sem que tenhamos condições de colocá-los no mercado de maneira adequada". Graça Foster disse que a atual política desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não favorece que, nos leilões para novos empreendimentos de energia, as térmicas a gás ganhem espaço em detrimento de outras fontes de energia, como a das usinas movidas a óleo diesel, por exemplo. "Na atual sistemática em que ocorrem os leilões, a tendência é de que seja gerada cada vez mais energia a partir de térmicas movidas a combustíveis fósseis, como o carvão e o óleo combustível". Em parte, segundo a diretora, isto ocorre em decorrência do custo do gás natural liqüefeito (GNL) que chega do exterior, bem superior ao das outras fontes. "O GNL chega ao País com custo pouco competitivo em relação às outras fontes constantes dos leilões de energia nova. E este quadro só será revertido quando pudermos disponibilizar às usinas o gás natural produzido internamente, pois o GNL que estamos trazendo como suprimento alternativo tem preço internacional". (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Agência Brasil)