Título: Artesãos faturam até R$ 30 bilhões anuais
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 01/05/2011, Economia, p. 15

O artesanato brasileiro começa a colecionar avanços na pauta de exportações, mas ainda precisa percorrer um longo caminho no país para se fortalecer como setor econômico. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 8,5 milhões de pessoas trabalham com a atividade no Brasil. A Secretaria do Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, faz um retrato ainda mais otimista dos negócios, que podem chegar a R$ 30 bilhões por ano.

Os artesãos querem consolidar a posição no mercado interno e ganhar o externo. Bonecas, flores, presépios e santos feitos de palhas e fibras de milho criados por um grupo de 20 artesãs da terceira idade de Patos de Minas, todas de nome Maria, chegam a clientes estrangeiros desde 2007. ¿Para um único cliente no exterior vendemos 500 presépios de fibra de buriti¿, comemora Maria de Lourdes Oliveira Paula, 63 anos, diretora da associação.

As peças 100% manuais, que custam de R$ 10 a R$ 15, também são produzidas com fibras de bananeiras, coqueiro, buriti e capim. Elas vêm ganhando volume há cinco anos e a Associação das Marias Artesãs promete atender pedidos maiores. Feiras no país garantiram encomendas da Holanda. Em setembro, elas estrearam em Madri e em Frankfurt, fazendo novos contatos.

Mais entrosados com o marketing e com as demandas do mercado internacional, outro grupo de artesãos aposta nos diferenciais de exclusividade e apelo socioambiental de seus produtos. A Associação de Pequenos Produtores Agroartesanais de Brás Pires, na Zona da Mata mineira, participa constantemente de feiras e agregou design às capas de notebooks feitas de palha de milho.

Essas e outras peças, como caixas e sacolas de fibras, foram encomendadas por importadores japoneses e ganharam o mercado de brinde corporativo. ¿Infelizmente, o brasileiro só reconhece a qualidade do artesanato local quando ele conquista o exterior¿, lamenta Márcia Moreira, uma das gestoras da grife Arte de Milho.

Ela lembra que, ao conhecer seu papel como gerador comunitário de renda, clientes estrangeiros ofereceram pagar mais por produtos expostos aqui e no exterior ¿ o preço médio por peça foi a R$ 65 . Com apoio do Sebrae-MG e da organização não governamental Instituto Xopotó, seus 25 empreendedores de baixa renda também estão de olho em oportunidades na Itália.