Título: BC vende US$ 500 milhões em leilão
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2008, Finanças, p. B2
Brasilia, 22 de Setembro de 2008 - Com o objetivo de garantir maior estabilidade no mercado interno de câmbio, o Banco Central (BC) decidiu resgatar na quinta-feira passada um mecanismo de atuação que não era utilizado desde 2003. Trata-se dos leilões de venda de moeda norte-americana com compromisso de recompra. Ou seja, o BC dá maior liquidez momentânea ao mercado interbancário, mas exige que as instituições compradoras "revendam" os dólares ao governo. Na última sexta-feira, a operação foi realizada em dois momentos: o primeiro leilão foi de US$ 200 milhões, adquiridos por duas instituições, em cotação de venda de R$ 1,838; a segunda foi de US$ 300 milhões, adquiridos por seis instituições, a taxa de R$ 1,827. O prazo para a liquidação da compra é de 30 dias. O economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores, avalia que o BC adotou uma postura arriscada ao relançar os leilões. "O risco seria vender e a cotação do dólar não cair. Felizmente, talvez agregado ao fato de todos os mercados terem reagido bem ao pacote do governo dos Estados Unidos, a medida foi positiva." Pessoa avalia, ainda, que a forte recuperação das bolsas internacionais depois de anunciado o socorro norte-americano é também um sinal de que as turbulências do mercado financeiro ainda não acabaram. "Isso demonstra que o mercado está volátil, que ainda estamos no meio da tempestade." De NovaYork, para onde viajou na quarta-feira, o presidente do BC, Henrique Meirelles, fez um pronunciamento anunciando a retomada dos leilões de dólares. "O sistema financeiro brasileiro é sólido e capitalizado e não tem exposição direta sobre estes ativos que estão sendo exatamente a fonte de problemas nos Estados Unidos e os bancos brasileiros, o sistema como um todo, têm folga nos limites de capital ajustados à exposição de risco. Mas existe, não há dúvida, uma questão de liquidez em dólares. Em função disso, o Banco Central do Brasil tomou a decisão de promover leilões de venda de moeda, de dólares, conjugados com uma compra futura. O BC estará provendo liquidez no mercado interbancário de moeda estrangeira." A assessoria do BC informou que a decisão é de caráter temporário e não tem como objetivo influir na taxa de câmbio. O BC reafirma que não existe meta para a taxa cambial, seja com fixação de tetos ou pisos. Em Mossoró, no Rio Grande do Norte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu na sexta-feira os mecanismos que garantem a blindagem do Brasil perante a crise originária dos Estados Unidos: balança comercial diversificada, mais de US$ 200 bilhões de reservas e a ausência de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "A imprensa vive me perguntando sobre a crise americana. Eu digo: pergunte ao Bush. A crise é dele, e não minha", disse o presidente Lula. Meirelles em SP Meirelles participará de palestra na Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, nesta segunda-feira, em São Paulo. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Ayr Aliski)