Título: Revolução nos Correios
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 30/04/2011, Economia, p. 16

INFRAESTRUTURA Novo estatuto da empresa prevê a inserção de serviços eletrônicos e financeiros nos postos da estatal

O novo estatuto da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) deve revolucionar a forma como a estatal atua no país. Na era da internet e do e-mail, a empresa quer ingressar com força em mercados como o de serviços eletrônicos, financeiros, de transporte e até de telecomunicações como operadora virtual. A ideia é aproveitar o fato de ser a única organização com postos de atendimento em todos os municípios do Brasil para se consolidar como uma referência no campo da logística.

Se todos os planos do governo forem colocados em prática, as agências dos Correios se transformarão em verdadeiros centros de conveniência, onde o cliente poderá, além de despachar correspondências, usufruir de diversos serviços, desde o pagamento de contas à contratação de um plano de celular. ¿Todos essas opções têm estudos prontos já há algum tempo, mas estamos refazendo eles. Não quer dizer que vá acontecer, é uma possibilidade¿, explicou o ministro das Comunicações Paulo Bernardo. Os Correios operavam com um estatuto que vigorava há 42 anos. O novo documento veio para adequar a empresa à realidade atual.

Além de expandir a cesta de serviços, a ECT agora poderá adquirir ações de outras empresas. A possibilidade de ser acionista facilita os planos da empresa de se associar ao consórcio vencedor da licitação para a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV).

Outro gargalo que os Correios poderão resolver é o do alto custo do envio de correspondências por via aérea. A estatal gasta por ano cerca de R$ 300 milhões com esse tipo de transporte. Para piorar, a legislação atual exige que a contratação do serviço seja feita por um ano, prorrogável por mais cinco anos. ¿Fica difícil alguém comprar um avião moderno para fazer um contrato de um ano. É um custo muito alto¿, argumentou Paulo Bernardo.

O ministro pretende se reunir até a semana que vem com a diretoria dos Correios para avaliar três possibilidades: ampliar os prazos dos contratos, participar como minoritário em uma empresa de aviação ou criar uma companhia subsidiária para executar o transporte. No campo dos serviços eletrônicos, a ECT pretende atuar nas áreas de certificação digital, mensageria ¿ entrega garantida e sigilosa de correspondência eletrônica ¿ e correio híbrido, serviço no qual a carta digitalizada será enviada eletronicamente e impressa no local mais próximo ao do destinatário. O correio híbrido é uma forma de reduzir os custos, já que não haveria mais a necessidade de transportar o papel.

Internacionalização A estatal está autorizada ainda a abrir agências fora do Brasil. A intenção é explorar mercados onde vivem muitos brasileiros, como países na América Latina e os Estados Unidos, especialmente no estado da Flórida, onde há muita concentração de encomendas. A estatal também pode ter um banco próprio. ¿Isso não é excludente com a parceria que temos com o Bradesco para banco postal¿, assegurou o ministro. O contrato do banco privado com os Correios acaba em novembro, mas a nova licitação já está confirmada para 31 de maio. ¿Temos hoje 11 milhões de contas no Banco Postal. Isso dá um potencial enorme, principalmente para os clientes de baixa renda¿, acrescentou o ministro.