Título: Brasília se protege
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 03/05/2011, Mundo, p. 12

A Polícia Militar reforçou ontem a segurança em todas as embaixadas de Brasília, especialmente nas imediações das representações dos Estados Unidos e de Israel. Sedes diplomáticas do mundo árabe muçulmano também passaram a receber maior vigilância. Segundo o 5º Batalhão da PM, responsável pelo patrulhamento da região, a decisão foi tomada pela corporação após o anúncio da morte de Osama bin Laden, líder e fundador da rede terrorista Al-Qaeda, em uma operação comandada pelos EUA no Paquistão. Os chefes de segurança das embaixadas norte-americana e israelense reforçaram o pedido pelo aumento de efetivos.

De acordo com o tenente Adriano Teles da Silva, oficial do 5º Batalhão, 10 viaturas e 20 homens estão empregados na segurança do setor. No entanto, ele não precisou por quanto tempo vai durar o aperto à vigilância. Pelo menos uma viatura e dois homens ficam baseados permanentemente em frente à representação dos EUA, localizada na Quadra 801 do Setor de Embaixadas Sul. Em nota divulgada no site, o Departamento de Estado norte-americano afirma que as unidades diplomáticas do país em todo o mundo estão em alerta máximo.

A chancelaria de Washington admite que algumas de suas embaixadas podem vir a ser fechadas temporariamente ou ter os serviços suspensos. Por meio de assessoria de imprensa, no entanto, a representação garantiu que as atividades em Brasília funcionam normalmente e o procedimento de revista continua rígido, como de costume. A Embaixada de Israel não se pronunciou.

Apesar das medidas de segurança em Brasília, as autoridades brasileiras e especialistas não creem que o país seja um dos potenciais alvos do terrorismo, após a morte de Bin Laden. Ainda que o Palácio do Planalto não tenha se manifestado oficialmente, integrantes do governo avaliam que não há informações sobre a presença de militantes de qualquer organização, inclusive na Tríplice Fronteira ¿ com a Argentina e o Paraguai. Ontem pela manhã, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, afirmou que a preocupação é que morte de Bin Laden possa desencadear uma onda de ataques pelo mundo.

Segundo o especialista em defesa da Universidade de Campinas (Unicamp), Geraldo Cavagnari, o Brasil está fora da rota dos conflitos entre os EUA e as organizações terroristas. ¿Nossa situação, por ora, é tranquila¿, afirma Cavagnari, que é coronel da reserva.

Ontem, o comandante do Exército, general Enzo Perri, afirmou ao Correio também não acreditar que o Brasil possa sofrer algum tipo de ataque. ¿Não creio¿, disse Enzo. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não espera ataques pelo mundo em função da morte do terrorista, uma vez que a organização que ele dirigia está enfraquecida. ¿As nações aliadas têm feito um trabalho de desmontagem dessa rede mundial de terrorismo¿, ressaltou o senador.

Para Cavagnari, o risco de retaliação existe, mas não em relação ao Brasil. ¿Deverá haver troco. Uma coisa é matar Bin Laden, outra é acabar com a organização¿, observa. Patriota mostrou-se preocupado. ¿À medida que a Al-Qaeda e Bin Laden estiveram por trás de estratégias políticas que privilegiam atos terroristas, nós só podemos nos solidarizar com as vítimas e com os que buscam a justiça¿, ressaltou o ministro.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 03/05/2011 02:13