Título: Dilma volta ao Planalto
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2011, Política, p. 2

Após três dias de trabalho no Palácio da Alvorada seguindo recomendação médica de diminuir o ritmo da agenda e repousar, a presidente Dilma Rousseff apareceu ontem em público pela primeira vez desde que a pneumonia no pulmão esquerdo foi identificada. Bem humorada e comunicativa, a presidente se reuniu de manhã no Planalto com o presidente da Alemanha, Christian Wulff, almoçou com os visitantes no Itamaraty e à tarde retornou ao Alvorada. Porém, apesar de sorridente e de ter dito que estava bem, Dilma apresentou os sintomas da doença em alguns momentos, tanto nos discursos quanto nas caminhadas de deslocamento.

Ela tossia com frequência e, durante a declaração à imprensa, teve de beber água para recuperar a voz. A presidente também não chegou a beber o vinho oferecido ao presidente alemão, durante o brinde oficial. Logo depois, deixou o Itamaraty e seguiu direto à residência oficial para repousar, programação diferente da prevista na agenda, que incluía uma reunião com o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, no Planalto.

Assim que apareceu no Salão Nobre para recepcionar o presidente alemão no fim da manhã de ontem ¿ depois de uma semana despachando do Alvorada ¿, Dilma se mostrou bem disposta e conversou, sorridente, com ministros. Naquele momento, afirmou aos jornalistas que estava recuperada, mas ainda em fase de descanso. Porém, depois de cinco minutos discursando sobre as parcerias entre o Brasil e a Alemanha, já depois de ter se reunido com o presidente alemão, Dilma perdeu a voz e teve de pegar um copo de água para beber. Mas estava vazio. ¿O pessoal podia ter feito um favor para mim¿, reclamou, referindo-se ao trabalho de sua assessoria. O general José Elito, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que acompanhava o discurso, teve de levantar para ajudar a presidente a encher o copo.

O retorno de Dilma ao Alvorada também fez com que o ministro Gilberto Carvalho assumisse uma reunião com outros ministros sobre a usina de Belo Monte na tarde de ontem. Já o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia recebeu, como estava previsto, a porta-voz oficial do Comitê Internacional contra o Apedrejamento de Mulheres, a iraniana Mina Ahadi. Ela afirmou que o governo brasileiro deve assumir uma posição condenatória e aberta a respeito da prática de execução de pessoas por apedrejamento, como ocorre no Irã. Durante o governo do presidente Lula, a prática não era condenada abertamente. Dilma já afirmou que considera o apedrejamento um ato ¿medieval¿.

ENCONTRO COM GOVERNADORES Quatro governadores do PT se reuniram ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir a política fiscal. Agnelo Queiroz (DF), Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE) e Tião Viana (AC) almoçaram com o chefe da pasta econômica e, entre outras demandas, pediram que a o ICMS interestadual fosse reduzido gradualmente, passando da alíquota atual ¿ que varia entre 12% e 7% ¿ para 2% nos próximos quatro anos. ¿Apoiamos inteiramente a redução progressiva do ICMS interestadual, até que zere.

Essa é a única forma de acabar com a guerra fiscal¿, disse Agnelo.