Título: Presidente de honra do DEM pega a barca
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 07/05/2011, Política, p. 5

A diáspora no DEM chegou ao presidente de honra do partido, Jorge Bornhausen. Apontado por deputados e senadores da legenda como a eminência parda por trás da criação do PSD, o ex-senador confirmou a saída da sigla ontem. O político, que estava no partido desde 1985, quando ele ainda era PFL, influenciou ativamente a montagem do PSD, levando ao partido cerca de 85% do diretório demista de Santa Catarina. Como anunciou, ao mesmo tempo, a retirada da vida pública, Bornhausen diz que não seguirá seus políticos de confiança no estado e ficará sem filiação partidária.

A declaração de Bornhausen foi dada durante um seminário na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que discutiu reforma política e incluiu palestra do vice-presidente da República, Michel Temer. No início da semana, Bornhausen chegou a jantar com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e recomendou que o parlamentar mantivesse contatos com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, um dos principais nomes do novo partido. Ontem, confirmou que não faz parte mais dos quadros do DEM. ¿Vou me desfiliar, mas não tenho razão para continuar participando de atividade partidária¿, disse.

O ex-senador por Santa Catarina esteve no centro da polêmica pela sucessão do antigo presidente do DEM Rodrigo Maia, no início do ano. O cabo de força unia Bornhausen, o ex-senador Marco Maciel e Kassab, de um lado; e os deputados ACM Neto (DEM-BA) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), além do próprio Maia e do senador Agripino Maia (DEM-RN), de outro. Com o triunfo de Agripino, a parcela excluída iniciou o processo de debandada rumo ao PSD. Somente de Santa Catarina, saíram do DEM para o PSD o governador, Raimundo Colombo, 43 prefeitos, 44 vice-prefeitos, 406 vereadores, 7 deputados estaduais e três federais, incluindo o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Paulo Bornhausen, filho do ex-senador.

Amarras Antigos companheiros de partido do ex-senador não o perdoam por comandar o esvaziamento do DEM. Líder do partido na Câmara, ACM Neto (DEM-BA) aponta erros de Bornhausen na condução do partido como os principais motivos da atual fragilidade da legenda. ¿A mudança de PFL para DEM foi fruto da cabeça dele, só que o Bornhausen não fez o esforço interno necessário para que o partido ganhasse a musculatura necessária. Se lamentamos a saída dele, por outro lado ficaremos mais livres para conceber um novo modelo de atuação sem as amarras desse passado desenhado por Bornhausen.¿

Outro ex-senador derrotado na disputa interna demista, o pernambucano Marco Maciel é o último do grupo de Bornhausen que ainda não anunciou o rumo que adotará daqui para frente. Vários aliados no estado, no entanto, já rumaram para o PSD, entre eles o ex-deputado federal André de Paula. Ao todo, o novo partido conta com 39 deputados federais confirmados, dois senadores, dois governadores e seis vice-governadores. Até o fim da semana que vem, a expectativa é de que esse número chegue próximo dos 50.

¿Acreditamos na possibilidade de reunir 45 deputados federais já no fim da próxima semana¿, antecipa o deputado federal Guilherme Campos (PSD-SP). O novo partido também estabeleceu como meta a adesão de mais quatro senadores até a criação formal no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), provavelmente em julho.