Título: Aulas de verdade há uma semana
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 07/05/2011, Brasil, p. 12

Na Escola Municipal Tasso da Silveira, onde o massacre ocorreu, um mês foi pouco para o retorno à rotina. Até a semana passada, segundo Daisy Pereira de Carvalho, diretora adjunta do colégio, as crianças fizeram atividades lúdicas. Só desde a última segunda-feira, retomaram as aulas. Cerca de 50 alunos saíram da escola depois da tragédia, mas, de acordo com Daisy, houve ingressos também, resultando nos atuais 1.158 estudantes do 4º ao 9º ano e também da Educação para Jovens e Adultos ¿ aproximadamente 10 a menos que antes das mortes.

¿É difícil voltar ao que era antes, os alunos continuam assustados, mas aos poucos nós estamos conseguindo lidar com isso¿, destaca a diretora. Quanto às reclamações de mães que, durante a semana, reivindicaram o atendimento psicológico prometido aos filhos, Daisy ressalta que a demanda é muita para a equipe ¿ formada por assistente social, psicólogo e professores ¿ cedida pela Prefeitura do Rio. ¿Tem sido prestada a assistência. Quando há sobrecarga, encaminhamos a uma clínica que fica aqui no bairro¿, explica.

Hoje, as mães das 12 crianças mortas no massacre de Realengo farão uma passeata, nos arredores da escola, pedindo paz, para marcar o primeiro mês da tragédia. Além disso, haverá uma missa na Igreja Cristo Libertador, também próxima ao colégio. Andréia Tavares, comerciante de 32 anos, não poderá comparecer. Ela ficará com a filha, Taiane Tavares, 13 anos, ainda no hospital, baleada na cabeça e na coluna. ¿Aos poucos, a Taiane está melhorando¿, conta a mulher. A outra filha dela, Tamires, faltou a aula no dia do crime. A escola se engajou na campanha do desarmamento. Ontem, um ônibus levou pais de estudantes e profissionais ao lançamento da campanha. A ONG Viva Rio, parceira no recolhimento das armas no Rio, já recebeu cerca de 100 peças. (RM)