Título: Pressões menores
Autor: Martins, Victor ; Monteiro, Fábio
Fonte: Correio Braziliense, 07/05/2011, Economia, p. 14

Com a desaleceração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,79% em março para 0,77% em abril, alguns analistas passaram a avaliar o cenário de maneira mais otimista. Marcelo Kfoury, do Citigroup, argumentou que as principais altas devem se mostrar transitórias, como as de combustíveis, vestuário e remédios, itens cujo preço tradicionalmente se mantêm estáveis entre maio e setembro. O Bradesco, por exemplo, classificou o número como uma surpresa positiva, explicada por uma pressão menor dos alimentos, que continuaram a encarecer, mas em uma velocidade menor que no mês anterior. Eles registraram alta de 0,58%, menos que o 0,75% de março.

¿Ainda assim, considerando que o IPCA mostrou elevações superiores a 0,75% ao mês neste primeiro quadrimestre e lembrando que, com esse resultado, chegou-se ao topo da meta de inflação no acumulado dos últimos 12 meses, mantemos nossa visão de que a inflação ainda exige monitoramento¿, alertou o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros. Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Management, foi além. ¿Ainda é cedo para comemorar¿, afirmou.

Itens de peso no consumo do brasileiro ultrapassaram a marca de 6,5%. Além do etanol, que encareceu 42,88% em um ano, a carne subiu 20,33%. O ovo, que poderia ser uma proteína substituta, ficou 14,04% mais caro. Nessa lista salgada, entram ainda outros produtos, como o pão francês (7,89%), cerveja (11,11%), remédios (3,76%) roupas (7,46%) e aluguel (9,93%).

Algodão Irene Machado, técnica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica que algumas dessas altas são temporárias. ¿Vestuário está mais caro por causa da entrada da nova coleção de outono/inverno. Nesse cálculo, também tem um pouco do aumento do algodão, que subiu muito desde o ano passado¿, justificou Irene.

Outros arrefecimentos também são aguardados. ¿Esperamos uma desaceleração forte de transportes, principalmente por conta da normalização da oferta dos combustíveis. E também esperamos um comportamento melhor de alimentos, com a queda das commodities lá fora¿, relatou Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank. (VM e FM)