Título: Produtores atentos à votação
Autor: Torres, Izabelle ; Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 11/05/2011, Política, p. 2

Agricultores do Distrito Federal que produzem soja, milho, feijão, trigo e hortaliças não querem ter a área de plantio diminuída nem recompor as reservas legais das propriedades. Atentos às discussões relativas à votação do novo Código Florestal, muitos deles se alinham às propostas da bancada ruralista e afinam o discurso de perder o mínimo possível com a nova legislação. ¿É preciso preservar o meio ambiente, mas também é preciso alimentar a população. Para preservar o meio ambiente, seria mais eficaz reduzir o lixo produzido no meio urbano do que a produção na área rural¿, defende o agricultor, engenheiro agrônomo e sócio da Cooperativa Agropecuária da Região do DF (Coopa-DF), Claudio Malinski. Cooperativa reúne 102 associados, que cultivam em 60 mil hectares no PAD/DF. Independentemente do posicionamento dos produtores em torno das mudanças do Código Florestal, uma particularidade une as terras do DF e torna a aplicação da norma, no mínimo, polêmica. As propriedades pertencem à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e cabe à empresa definir as áreas de preservação permanente (APPs) e a reserva legal dos terrenos ¿ terreno de mata nativa que deve ser protegido na propriedade.

¿A maioria das propriedades locais não tem os 20% de reserva legal. Isso aconteceu porque, quando a maioria dos agricultores veio para o Distrito Federal, o código já existia, mas ninguém se importava com a reserva legal. Nós recebíamos até crédito bancário para desmatar porque o importante era produzir¿, afirma Malinski. Agora, muitos produtores têm cultivos consolidados em áreas não permitidas e esperam por uma definição, principalmente da legislação nacional.