Título: Resultado tímido
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2011, Economia, p. 9

Para a presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti), Isa Assef, é fundamental a definição de políticas públicas que permitam à iniciativa privada canalizar investimentos em programas e projetos de pesquisa e desenvolvimento. ¿A partir do momento em que for estabelecido um marco regulatório eficiente, o investimento em inovação no país crescerá naturalmente e se igualará aos padrões de países desenvolvidos¿, afirma Isa.

Até o momento, os instrumentos para concessão de crédito a empresas interessadas em inovar ¿ como a Lei do Bem ¿ apresentaram resultados tímidos. Em um universo de 41 mil empresas no país mapeadas pelo IBGE, apenas 542 usaram recursos obtidos por meio da Lei do Bem.

De acordo com José Hernani, da Pieracciani, o impacto disso é o baixo grau de competitividade do Brasil. ¿Há uma correlação positiva entre inovação e o sucesso que as empresas obtiveram com a internacionalização de seus negócios¿, diz. Paulo Mol, gerente-executivo de Política Industrial e Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera que, para solucionar o gargalo, é preciso desmistificar a ideia de que é preciso ter uma espécie de ¿professor pardal¿ dentro da companhia. Ele explica que a inovação pode se dar de maneira simples, como uma pequena mudança nos procedimentos que resulte em aumento da produtividade.

Rogério Kohntopp, diretor-corporativo de Qualidade e Tecnologia da Tigre, tem opinião semelhante. A inovação, diz, não é um processo de geração de ideias em laboratório, distantes da realidade do mercado, mas, ao contrário, é algo que tem início com a observação do problema. Essa filosofia de investir em inovação dá resultado, pois cerca de 15% da receita da Tigre provém do faturamento de novos produtos lançados nos últimos cinco anos. Só em 2011, a empresa pretende investir R$ 250 milhões em inovação e marketing.