Título: Diferença de 200%
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2011, Economia, p. 16

Apesar de as regiões Norte e Nordeste estarem atraindo mais empresas e, com isso, criando mais empregos com melhores salários, a diferença dos rendimentos dos trabalhadores é gritante entre as unidades da federação. No Distrito Federal, o ganho dos servidores públicos faz a diferença: a remuneração média, de R$ 3.713,84, é a maior do país, superando em mais de 200% o provento pago no estado do Ceará, o menor do Brasil, equivalente a R$ 1.228,94. É o salário do DF, por sinal, o responsável pela região Centro-Oeste superar a média nacional no quesito renda do trabalho: R$ 2.172,54 ante R$ 1.742.

Os dados constam da Rais, a Relação Anual de Informações Sociais de 2010, instrumento que melhor retrata o emprego formal no país. As empresas privadas e o setor público são obrigados a fornecer a quantidade de trabalhadores, salários, grau de instrução, entre outras formações. Graças à Rais, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pode comemorar um resultado para o mercado de trabalho ainda melhor do que o anunciado oficialmente. Em vez de 2.588.080, o Brasil criou 2.860.809 postos com carteira assinada no ano passado. A diferença de 272.729 deveu-se aos registros em atraso, que não foram incluídos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mas que foram captados pelo registro anual.

A radiografia do mercado em 2010 mostra que, praticamente, todos os setores da economia contribuíram para a geração de empregos formais, com destaque para os serviços (mais 1.109.626 vagas), comércio (689.288), indústria de transformação (524.618) e construção civil (376.634). A exceção ficou por conta da agricultura, que fechou 18.052 vagas devido à queda das atividades ligadas ao cultivo da laranja e da cana-de-açúcar. %u201CNa agricultura, a queda do emprego está ligada à alta rotatividade e à mecanização das lavouras%u201D, observou Lupi.

Mesmo com a contração no emprego, o s etor agrícola seguiu a tendência dos demais segmentos da econômica, que apontaram aumento real dos salários de seus trabalhadores. Na média nacional, o salário subiu 2,57% acima da inflação. O único senão foi no setor extrativo mineral, no qual o rendimento recuou 22,85%, baixando de R$ 5.183,34 para R$ 3.998,33.

O ministro aproveitou a divulgação dos números da Rais para chamar a atenção para a importância da educação na hora de se buscar um emprego e um salário digno. Os dados mostram que o emprego para quem não sabe ler nem escrever está diminuindo. Os analfabetos estão perdendo espaço a cada ano porque o mercado está mais exigente. Se essa perda de postos de trabalho, de 2,61% ao ano, continuar, em pouco tempo não haverá oportunidades para eles.

Por grau de instrução, inclusive, os analfabetos foram os únicos que perderam espaço no mercado de trabalho. Em 2009, ocupavam 228.204 vagas. No ano passado, apenas 222.251 permaneciam empregados. Em contrapartida, a quantidade de vagas ofertadas para quem tem o ensino médio completo cresceu 11,76%, com o estoque de trabalhadores passando de 16.502.874 para 18.443.083. (VC)