Título: Prioridade de Dilma é investir
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2011, Economia, p. 18

O Brasil não vai abrir mão de altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país) para conter a disparada da inflação, avisou ontem a presidente Dilma Rousseff. Para ela, a melhor e mais duradoura forma de conter as pressões dos preços é investir. ¿Vamos crescer com controle da inflação¿, disse no Palácio do Planalto, durante a cerimônia de instalação da Câmara de Gestão, Desempenho e Competitividade, órgão ligado à Presidência da República e composto por quatro ministros e quatro empresários.

Dilma afirmou que a melhora dos gastos públicos e a criação de um ambiente mais produtivo entre o governo e o setor privado são uma resposta às necessidades de investimento do país. Preferindo o termo ¿consolidação fiscal¿ a ¿ajuste fiscal¿, a presidente reiterou que usará esse e outros instrumentos para manter a ¿perspectiva de desenvolvimento sustentável com inclusão social¿. ¿Temos que garantir que a inflação seja efetivamente controlada e, a médio e longo prazos, nosso país cresça¿, discursou. Para isso, vai privilegiar ¿fortemente¿ o investimento, acrescentou.

A presidente avaliou que os indicadores econômicos refletem realidades estruturais e conjunturais. ¿Ao lado disso, temos que garantir que os 190 milhões de brasileiros sejam, de fato, grandes consumidores. Isso significa renda, emprego de qualidade, agregação de valores e redução da miséria¿, afirmou.

Convênios Mais cedo, Dilma avisou que irá quitar restos a pagar dos Orçamentos de 2008 e de 2009, cobrados por prefeitos e que corriam risco de serem cancelados, interrompendo obras públicas em execução. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, confirmou a decisão de liberar os recursos. O pagamento de R$ 750 milhões será feito pela Caixa Econômica Federal, dividido em duas parcelas. A primeira, de R$ 230 milhões, será liberada em 6 de junho. Ainda sem data, a segunda será de R$ 520 milhões. Dilma prometeu ainda rever convênios e contratos para desburocratizar a tramitação.

No fim de abril, o Tesouro Nacional informou que o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento federal de 2011 afetou seus resultados em março. As despesas caíram 7,2% naquele mês em relação a igual período do ano passado. A desaceleração do crescimento dos gastos públicos no ano levou algum tempo para se efetivar. Até fevereiro, eles avançavam acima de 15% na comparação anual. Em março, o governo apresentou superavit primário (economia para pagar parte dos juros da dívida) de R$ 9,1 bilhões, contra R$ 2,5 bilhões de fevereiro.

Por outro lado, enquanto as despesas gerais cresceram 9,2% de janeiro a março sobre o primeiro trimestre de 2010, os desembolsos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe dos investimentos da União em infraestrutura, saltaram 35%, atingindo R$ 5,46 bilhões.

IGP-M ACELERA O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), usado para reajustar a maioria dos contratos imobiliários, acelerou para 0,70% na primeira prévia de maio, ante 0,55% em igual período do mês anterior, segundo informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador acumula alta de 3,61% no ano e de 10,06% em 12 meses. Na primeira prévia de maio, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,87% contra 0,46% em mesmo período de abril. A maior pressão partiu do grupo de despesas com alimentação (0,28% para 0,75%), com destaque para hortaliças e legumes (1,60% para 4,26%), panificados e biscoitos (-0,36% para 0,80%) e laticínios (1,16% para 2,18%).