Título: Rebeldes avançam na Líbia
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2011, Mundo, p. 26

Os rebeldes líbios tomaram ontem o aeroporto de Misrata, após violentos combates travados com as forças de Muamar Kadafi, obtendo uma importante vitória no conflito contra o regime, que já dura quase três meses. As tropas abandonaram os tanques, que os rebeldes incendiaram em seguida. Nas ruas da terceira maior cidade da Líbia, a 200km a leste de Trípoli, centenas de pessoas comemoravam a tomada do aeroporto. Os obuses de morteiro das tropas do governo já deixaram 13 feridos entre os rebeldes, segundo um correspondente da agência France-Presse, que também viu os corpos de três combatentes pró-Kadafi perto do local dos conflitos.

A oeste da cidade sitiada, os rebeldes avançavam em direção a Dafnia, na estrada costeira que conduz a Zliten e, posteriormente, à capital. ¿Tomamos o controle total do aeroporto de Misrata e repelimos as forças de Kadafi a cerca de 15km do aeroporto¿, declarou à AFP Abdel Busin, porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político dos rebeldes. A tomada do aeroporto pode facilitar a retirada de moradores ou de estrangeiros residentes em Misrata, assim como a entrega de ajuda humanitária, que até agora chega pelo mar. O porto segue nas mãos dos rebeldes, embora tenha sido bombardeado por diversas vezes.

Mísseis em Trípoli Em Trípoli, vários mísseis caíram durante a tarde no leste da cidade, sobrevoada por vários aviões. Por enquanto, não são conhecidos os objetivos dos ataques. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumiu no fim de março o comando das operações militares da coalizão internacional, iniciadas em 19 de março. Em dois meses, foram realizados mais de 2,3 mil ofensivas sob mandato da ONU para impedir a investida das forças leais a Kadafi contra os civis.

O regime líbio acusa a aliança de tentar matar o coronel Kadafi, em especial durante um ataque aéreo em que morreram um de seus filhos, Saif Al-Arab, e três netos. O ministro italiano de Defesa, Ignazio La Russa, admitiu ao jornal Il Messaggero que todo bombardeio sobre um alvo militar em que estivesse o ditador seria justificado. Ontem à noite, Kadafi fez nova aparição na TV, desmentindo rumores de que estaria ferido.

O líder líbio tem ¿até o fim de maio para encontrar um acordo¿ com a comunidade internacional e se exilar, antes que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emita uma ordem de prisão, acrescentou o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini.

A Itália, que ao lado da França foi um dos poucos países que reconheceu o CNT como representante legítimo do povo líbio, uniu-se à aliança contra o regime de Kadafi, no fim do mês passado.

Em Estrasburgo, Catherine Ashton, chefe de diplomacia da União Europeia, anunciou que o bloco vai abrir um escritório em Benghazi, bastião dos rebeldes no leste da Líbia. O objetivo é ¿avançar na questão da ajuda¿ e ¿apoiar a sociedade civil e a oposição representada pelo CNT¿.