Título: Beijo, um símbolo
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2011, Cidades, p. 36

A decisão de reconhecer juridicamente a união estável entre pessoas do mesmo sexo abriu possibilidade para os polêmicos beijos gays tomarem conta das cenas de novelas e da mídia em geral. O SBT deve exibir hoje, na novela Amor e Revolução, o primeiro beijo entre duas mulheres (foto).

Esse tipo de cena vinha sendo ensaiado pela teledramaturgia brasileira desde a novela Mulheres Apaixonadas, exibida em 2003 pela Rede Globo, quando as atrizes Alinne Moraes e Paula Picarelli deram um selinho.

Depois, cenas de beijos gays chegaram a ser filmadas na mesma emissora, mas não foram ao ar, como na novela Senhora do Destino, em 2004, e América, no ano seguinte.

Para o professor da Faculdade de Comunicação da UnB e coordenador do projeto SOS Imprensa Luiz Martins, os beijos gays estampados nas capas dos jornais não surgiram ao acaso, vieram para repercutir uma decisão da maior Corte de Justiça do país e, por isso, não pode ser considerado agressivo ou atentado ao pudor.

¿O jornal tocou no problema e questionou se a sociedade brasileira está preparada para lidar com a decisão do Supremo", justificou. ¿Daqui a dez anos, capas como a do Correio (de ontem) serão olhadas com certo lirismo. A gente vai ter que se acostumar com os casais beijos gays¿, explicou.

No caso da teledramaturgia, o professor analisa o beijo gay com mais cuidado, porque a novela é o principal agente de sociabilização e educação do povo brasileiro, mais do que a igreja e a escola. ¿Assuntos reais na telenovela ganham força persuasiva e dissemina valores.¿

Para Luiz Martins, desde que respeitada a classificação indicativa, como a usada nas cenas de beijo e sexo de casais heterossexuais, o beijo homossexual deve aparecer e se tornar comum.