Título: Homofobia com dinheiro público
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2011, Cidades, p. 36

Os panfletos antigay confeccionados pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) serão pagos com o dinheiro público. Ontem, a Câmara confirmou que o parlamentar tem direito a usar sua verba de gabinete com esse tipo de despesa. Bolsonaro mandou fazer milhares de folhetos criticando o Ministério da Educação pelo lançamento de uma cartilha contra a homofobia nas escolas públicas. Na propaganda, ele chama o programa do governo de ¿plano nacional da vergonha¿, se referindo aos direitos iguais dados à comunidade gay, e avisa que o pagamento do material será da Câmara.

Segundo a assessoria da Casa, cada deputado tem direito a uma verba de gabinete que pode ser usada com várias despesas, inclusive para pagar gráficas que fazem a propaganda do trabalho parlamentar do deputado. No caso de Bolsonaro, mesmo que o dinheiro tenha sido usado em uma propaganda homofóbica, é legal. A Câmara considera que um eventual veto ao uso dos recursos na confecção do folheto configuraria uma espécie de censura. Partiu do próprio Bolsonaro o anúncio de que o panfleto será custeado pela Câmara, por meio da verba de gabinete.

No folheto, o deputado elenca 180 itens do programa do Ministério da Educação, que classifica como ¿plano nacional da vergonha¿. ¿Meninos e meninas, alunos do 1º grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira¿, escreveu o parlamentar no panfleto, que seria distribuído para grupos de pessoas que o repassariam a escolas.

A propaganda antigay de Bolsonaro ressalta que o discurso do governo de combater a homofobia é falso. ¿O Mec, em parceria com grupos LGBTs (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), na verdade, incentiva o homossexualismo nas escolas públicas do 1º grau, bem como torna nossos filhos presas fáceis para os pedófilos¿, diz Bolsonaro, sem explicar como a cartilha abre margem para outros tipos de crimes.