Título: Controle ou lágrimas
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2011, Economia, p. 10

O boom econômico da América Latina pode acabar em crise, profetizou o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, durante o Seminário de Metas para a Inflação realizado ontem no Rio de Janeiro. Na visão dele, as economias da região parecem estar sólidas, mas, caso haja mudança brusca no cenário atual, os países poderão ver suas moedas enfraquecer dramaticamente como resultado de um choque externo repentino.

Eyzaguirre citou, como exemplo de choques, uma queda nos preços globais de commodities (produtos com cotação internacional) e um aumento rápido e inesperado dos juros nos Estados Unidos. Diante disso, ele recomendou ao governo Dilma Rousseff que se mantenha firme no controle da economia para que o país continue a crescer de forma sustentada, sem atropelos. ¿O Brasil deve continuar controlando a economia por meio de uma gama de medidas para evitar a exuberância, ou pode acabar em lágrimas¿, disse.

Bastante conservador, Eyzaguirre parece ter absorvido a pregação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, acerca da cautela na expansão do crédito, já que o Brasil enfrenta uma onda crescente da inadimplência. ¿É preciso que as autoridades brasileiras fiquem atentas à evolução dos mercados de crédito, para que não se leve a surpresas desagradáveis¿, ressaltou

Além de conselhos, o representante do FMI fez críticas à gastança desenfreada dos governos na América Latina e elogios ao sistema brasileiro de metas de inflação. Ele classificou o regime adotado pelo país em 1999 como uma bem-sucedida estratégia para atingir a estabilidade econômica.

Sinal de alerta Os alertas do diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, sobre possíveis crises na América Latina vieram no momento em que o real e outras moedas regionais vêm se enfraquecendo, em linha com o movimento de queda dos preços de commodities. Além disso, preocupações com o consumo na China, um importante comprador dos produtos latino-americanos, levaram alguns a questionar se o crescimento da região entrará em uma fase mais lenta.