Título: Cespe será empresa
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 14/05/2011, Economia, p. 21

O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), uma das principais organizadoras de concursos do país, passará por transformações estruturais a partir da semana que vem. O conselho universitário da UnB analisará a proposta do Ministério da Educação (MEC) de transformar o centro em empresa pública. Na prática, a mudança permitirá a regularização dos funcionários. Hoje, a maioria é prestadora de serviços e não tem garantias trabalhistas.

De acordo com o decano de assuntos comunitários da UnB, Eduardo Raupp, a ideia surgiu justamente após exigência do Tribunal de Contas da União (TCU) para que o centro legalizasse a situação dos empregados. ¿Atualmente, o Cespe é apenas um centro da universidade. Das 480 pessoas que trabalham na organizadora de seleções, 400 não têm contrato legal¿, explicou.

Nesta semana, o MEC concordou com as condições apresentadas pelo reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, para a criação da empresa pública. Além de destinar 10% da arrecadação à universidade, o Cespe poderá exercer a função de apoio para pesquisa em instituições de ensino do país e dará preferência de contratos à UnB.

Com a mudança, a organizadora também passará a receber recursos da União. ¿Criar uma empresa que não fosse pública não seria interessante para a universidade. Hoje, 20% da arrecadação do Cespe vai para a instituição, o que representa um quarto da verba total da UnB¿, completou Raupp. A má notícia aos candidatos a concursos e vestibulares é que a taxa de participação das seleções continuará a mesma. ¿Essa, inclusive, é uma das nossas exigências, já que a unidade não lucra com as inscrições. Uma parte é destinada aos custos de organização do concurso e o restante vai para projetos educativos.¿

Ainda não há previsão para a concretização do projeto. ¿O conselho precisa aprová-lo para que, depois, seja seguido um trâmite estipulado pelo MEC. Enquanto isso, o Cespe continua funcionando normalmente¿, afirmou o decano. Ele esclareceu que os atuais trabalhadores serão contratados por quatro anos. Ao fim do prazo, será realizado um concurso para a escolha do efetivo da empresa. A proposta causou incertezas entre os atuais funcionários do Cespe. ¿O clima é de instabilidade, não sabemos como será daqui para frente, se vai ser bom ou ruim, se seremos contratados ou não¿, desabafou um empregado.