Título: Pano de fundo eleitoral
Autor: Campbell, Ullisses
Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2011, Política, p. 5

No mesmo dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os comandantes de partidos aliados para tratar de reforma política, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) anunciava um encontro com o presidente do PT, Rui Falcão, para discutir o tema. Em conversas reservadas, tucanos e petistas dizem que tanto Serra quanto Lula vão cuidar desse assunto para se manterem no noticiário. Serra, entretanto, tem uma proposta antiga, que se baseia principalmente no voto distrital como forma de baratear as campanhas. Enquanto isso, Lula ainda está construindo as suas proposições.

O petista chamou o PSB, o PDT e o PCdoB, além da própria sigla, para o encontro de ontem quando soube que os três partidos fizeram uma ampla discussão com a sociedade civil organizada e fecharam a proposta em cinco pontos, que incluem o voto proporcional ¿ as legendas não apoiam o voto distrital, como sugere Serra, e nem o distritão, proposto pela cúpula do PMDB.

Os peemedebistas, aliás, não foram convidados para a conversa de ontem por não terem participado da montagem do projeto envolvendo PSB, PDT e PCdoB. Por enquanto, essas legendas só divergem num ponto: o PT é a favor do voto em lista como forma de fortalecer os partidos. O presidente do PSB, Eduardo Campos, já declarou que essa lista deveria ser feita pela população, e não pelas legendas.

Prefeitura No compromisso desta segunda-feira, Lula não teve tempo para conversas reservadas a respeito de um tema no qual pretende atuar de perto: a sucessão na Prefeitura de São Paulo em 2012. Seus correligionários afirmam que o projeto do ex-presidente é levar os três partidos que participaram da reunião de ontem a apoiar o candidato do PT a prefeito da capital paulista. Lula considera que lançar mais de um candidato pode ser prejudicial ao plano de tomar de vez o comando de São Paulo das mãos do PSDB e de seus aliados. Afinal, embora hoje Gilberto Kassab se diga independente e esteja formando um partido de viés governista ¿ o PSD ¿, ele chegou à administração da cidade de São Paulo pelo DEM porque foi vice-prefeito de Serra.

Membros do PT acreditam que, quanto mais próximo Lula estiver do PCdoB, do PDT e do PSB, mais fácil será consolidar uma unidade semelhante àquela que conquistou na sucessão presidencial no ano passado, com todos os aliados ao redor da candidata do PT, Dilma Rousseff. Nesse processo, é fundamental ¿combinar¿ com esses partidos. O próprio PSB ainda não disse se apoiará o projeto de PT de lançar candidato único em São Paulo. Afinal, isso é tema que precisa ser amadurecido no âmbito da sigla.