Título: Incentivo ao preconceito
Autor: Leite, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2011, Brasil, p. 10

Autor da obra Preconceito linguístico: o que é, como se faz , o doutor em filologia e língua portuguesa (USP) e professor de linguística da Universidade de Brasília (UnB) Marcos Bagno não apenas defende a abordagem na norma popular em livros didáticos, como afirma que essa posição é dominante entre estudiosos. ¿A principal corrente da linguística já reconhece a variação linguística como um fenômeno natural das línguas¿, afirma. Para ele, ignorar a chamada ¿variedade popular¿ pode aumentar o preconceito linguístico. ¿É bastante forte, reflete a estrutura social. Mas o ensino tradicional, que pretende apenas substituir a língua, reprime os alunos. Muitos abandonam a escola porque se sentem oprimidos linguisticamente. Eles têm que aprender a ler textos escritos em uma língua que é, praticamente, estrangeira¿, afirma.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), do Ministério da Educação, ¿o problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às falas dialetais deve ser enfrentado na escola. Para isso, e também para poder ensinar língua portuguesa, a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma `certa¿ de falar; a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala¿. (LL)