Título: Três perguntas para Steven Dunaway
Autor: Hessel, Sana ; Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 18/05/2011, Mundo, p. 15

Analista do Conselho de Relações Exteriores e ex-vice-diretor do FMI para Ásia e Pacífico Líderes europeus dizem que o comando do FMI deveria continuar com a Europa. Qual a sua opinião? O argumento de que, por conta da crise na Europa, o comando do FMI deva ficar com um europeu não é sério. Só porque a Europa tem um problema quer dizer que isso é um fator determinante para a escolha do novo diretor? Durante a crise da dívida na América Latina, ninguém argumentou que a região deveria ter seu representante como chefe do FMI. A mesma coisa com a crise financeira da Ásia, em 1997-1998.

Qual seria a saída? Alguns diretores executivos latino-americanos no FMI têm apontado queo Fundo tem sido mais generoso em seus empréstimos e mais leniente com os europeus, em termos de políticas econômicas estabelecidas como condição para o pagamento de suas dívidas. Então, para evitar preocupações sobre favorecimento, talvez seja benéfico para os europeus não ter um dos seus no comando. Da perspectiva do FMI, provavelmente seria melhor ter um diretor com experiência prática maior em problemas de dívidas soberanas, e há um grande número de candidatos fortes na América Latina.

Esse escândalo poderia, de alguma maneira, afetar a reputação do FMI? Não. É um problema pessoal do senhor Strauss-Kahn. A curto prazo, provavelmente, haverá algum reflexo nas discussões sobre a crise na Europa. O desempenho do FMI nessas discussões pode ser afetado, porque Strauss-Khan tem tido um papel importante nelas. Mas não acho que a ausência de DSK vá alterar significativamente as conversações ou o desenrolar da crise.