Título: Sarkozy sai da defensiva
Autor: Hessel, Sana ; Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 18/05/2011, Mundo, p. 15

Enquanto o diretor-geral do FMI permanecia preso em uma ilha de Nova York, acusado formalmente de agressão sexual, o mundo político continuava em polvorosa na França, com a provável ausência do economista na corrida presidencial de 2012 ¿ ele era o favorito para disputar a eleição pelo Partido Socialista, de oposição. Ao mesmo tempo em que o presidente Nicolas Sarkozy, de direita, pedia que o país mantivesse o ¿sangue frio¿, a cúpula socialista administrava a pressão para definir um substituto.

Sarkozy não chegou a mencionar diretamente o nome de Dominique Strauss Kahn, mas aproveitou um café da manhã com correligionários para fazer uma clara alusão a DSK, como é conhecido no país o chefe do Fundo. ¿O sangue frio, a coragem, a unidade, o trabalho e, acrescentaria, a dignidade são a linha de conduta da maioria¿, disse o chefe de Estado, referindo-se a seu partido, a União por um Movimento Popular (UMP). ¿Devemos conduzir o país. Somos rochas sólidas.¿

Até o último fim de semana, DSK, ex-ministro das Finanças no governo do socialista Lionel Jospin, era o socialiste em melhor posição nas pesquisas. Com o diretor do FMI como candidato, Sarkozy aparecia em terceiro, atrás também da líder de extrema-direita Marine Le Pen. Ontem, o PS tentava se organizar para preencher rapidamente o vazio.

Em entrevista à Rádio France Info, o deputado socialista Claude Bartolone informou que a primeira-secretária do partido, Martine Aubry, deve assumir o comando do processo: ¿Vamos nos unir sob a liderança da pessoa que tem a legitimidade para representar essa unidade¿. Em julho expira o prazo para inscrição dos candidatos à primária do PS, que será realizada em outubro. Ontem, Aubry presidiu uma reunião de crise na sede do partido.

Uma pesquisa do instituto CSA mostrou que, para 57% dos franceses, Strauss-Kahn é ¿vítima de um complô¿, enquanto 32% não veem conspiração e 11% não se pronunciaram. Entre os simpatizantes do PS, 70% disseram acreditar em uma armação.