Título: Condições argentinas
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 19/05/2011, Economia, p. 20

A Argentina defenderá seus empregos e o mercado interno em qualquer negociação de comércio mundial, como a que iniciará com o Brasil em razão da crise gerada por medidas protecionistas dos dois lados, afirmou ontem a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi. ¿Não vamos ser ingênuos e não vamos ceder nem um palmo em nenhuma negociação quando virmos que se pode anular o horizonte a uma pequena ou média empresa ou pôr em risco um único posto de trabalho¿, disse.

Brasil e Argentina anunciaram que solucionarão de forma negociada o conflito bilateral com uma reunião nos próximos dias entre Débora e o ministro brasileiro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. ¿A real defesa do nosso mercado interno não produzirá problemas de relacionamento com outros países. Mas vamos manter a reindustrialização da Argentina iniciada em 2003¿, afirmou Débora.

A crise entre os dois vizinhos explodiu na semana passada, quando a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, freou a importações de automóveis e autopeças da Argentina, que movimentaram US$ 7 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. As montadoras argentinas ressaltaram que 80% de suas exportações de veículos (447 mil unidades) e 65% das autopeças têm como destino a economia brasileira.

As demoras alfandegárias do lado do Brasil foram interpretadas por setores empresariais da Argentina como represália aos entraves que a presidente do país vizinho, Cristina Kirchner, havia imposto a alimentos, máquinas agrícolas, autopeças e calçados brasileiros, entre outras mercadorias. A Argentina é o terceiro parceiro comercial do país, depois de China e Estados Unidos, com um volume de negócios bilateral de US$ 33 bilhões no ano passado e saldo de US$ 4 bilhões favorável ao Brasil.