Título: Indiciamento e liberdade sob fiança
Autor: Ribas, Sílvio ; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2011, Mundo, p. 15

Na mesma audiência em que conseguiu a liberdade condicional ontem sob fiança, depois de seis dias preso em Nova York, Dominique Strauss-Kahn foi indiciado formalmente por tentativa de estupro contra uma camareira de um luxuoso hotel de Nova York, além de seis outras acusações. A sessão de ontem ocorreu poucas horas depois de ele renunciar ao cargo de diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI). Strauss-Kahn deve deixar a prisão hoje.

O indiciamento, determinado ontem por um tribunal do júri, significa que DSK foi acusado formalmente. Com isso, o caso pode ir a julgamento, mesmo que ele se declare inocente na próxima audiência, marcada para 6 de junho ¿ segundo seus advogados, essa seria a intenção do economista.

A Justiça determinou que o ex-diretor do FMI pagará US$ 1 milhão em fiança e ficará em prisão domiciliar, sob o monitoramento de câmeras de vídeo e acompanhado de um segurança durante 24 horas. O francês também será obrigado a fazer uma espécie de seguro no valor de US$ 5 milhões. DSK entregou ainda todos os documentos de viagem e precisará utilizar uma tornozeleira eletrônica para controlar seus movimentos.

O economista deverá permanecer em um apartamento em Nova York alugado pela mulher, Anne Sinclair, que esteve no tribunal com a filha do casal, Camille, estudante da Universidade de Columbia. A audiência, marcada inicialmente para hoje, foi mantida para a emissão da ordem de libertação do economista e político francês.

Penitenciária Strauss-Kahn, um homem acostumado a se hospedar em quartos de hotéis de luxo e a viajar na primeira classe, teve fiança negada na segunda-feira por um Tribunal Criminal de Manhattan. Desde então, permanecia na penitenciária Rikers Island, em Nova York. Ontem, a promotoria disse à Corte Suprema de Nova York que se opunha ao pedido de pagamento de fiança, proposto pelos advogados de defesa, alegando que isso ¿não fazia sentido¿. Mas o juiz Michael Obus aceitou libertar Strauss-Kahn.

O francês enfrenta sete acusações: duas por atos sexuais criminosos (conduta sexual oral e conduta sexual anal); tentativa de estupro; abuso sexual em primeiro grau (contato sexual forçado); abuso sexual em terceiro grau (contato sexual sem consentimento); encarceramento ilegal (ao tentar impedir a saída da camareira); e toque forçado. Por todas as acusações, DSK pode pegar até 74 anos de prisão. O ex-diretor do FMI, de 62 anos, nega com veemência as acusações.