Título: Oposição tenta CPI para investigar Palocci
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2011, Política, p. 4

Com apoio de setores da base governista, a oposição começou ontem a coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) para investigar a evolução patrimonial e a atuação do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, como consultor. As quatro legendas oposicionistas ¿ PSDB, DEM, PPS e PSol ¿ querem que o ministro explique seus movimentos empresariais no período em que era deputado federal, entre 2006 e 2010, quando o patrimônio dele supostamente multiplicou por 20. O vice-presidente, Michel Temer, reiterou a confiança do Palácio do Planalto no ministro.

Durante a semana, os deputados da oposição tentaram aprovar requerimento para convocação de Palocci na Câmara, mas foram derrotados pelo governo ¿ que chegou a cancelar reuniões nas comissões temáticas da Casa para evitar a votação do pedido. Agora, os quatro partidos pretendem recolher as assinaturas necessárias para iniciar uma investigação sobre a atuação empresarial do ministro. Para instaurar a CPI, são necessárias 171 assinaturas de deputados federais e 27 de senadores. Os quatro partidos ¿ DEM, PSDB, PPS e PSol ¿ contam com 18 senadores e menos de 100 deputados.

Para chegar ao número mínimo, a oposição mira em partidos governistas com setores descontentes, como o PMDB e o PDT. ¿Alguns parlamentares, mesmo da base aliada, querem esclarecimentos. Pegaremos senadores que não vão se negar a buscar a transparência dos passos do Palocci. Na Câmara, contamos com apoio até do PT¿, disse o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). Os tucanos apostam que pelo menos dois senadores pedetistas e quatro peemedebistas apoiarão as investigações. A meta da oposição é recolher as assinaturas até a metade da semana que vem.

Explicações Depois da operação montada durante a semana na Câmara, a ordem agora do Planalto é tentar dar o caso como encerrado. Ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer, preferiu não classificar as suspeitas como campanha de desestabilização do governo. ¿Nós confiamos no Palocci e eu continuo com a mesma disposição de confiança absoluta no ministro¿, declarou Temer. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também reiterou que ainda não vê motivos concretos para a criação de uma CPI. ¿Acho que não há motivo nenhum para nenhuma CPI, uma vez que até agora não vi no debate, nenhum crime a ser levantado e nenhuma outra contravenção que se pudesse investigar¿, apontou Sarney.

Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou pedido de explicações a Palocci. Duas representações protocoladas por partidos de oposição pedem que a evolução patrimonial do ministro seja investigada. Depois da resposta de Palocci, a PGR decidirá se abre ou não inquérito para apurar as suspeitas contra o ministro. Ele tem 15 dias de prazo para prestar os esclarecimentos.