Título: Desespero no Lago Paranoá
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Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2011, Cidades, p. 19

Exatamente um ano depois do acidente com uma lancha, que matou duas irmãs, no Lago Paranoá, a tragédia se repete: um barco com mais de 100 pessoas a bordo afunda, deixando um bebê morto

Uma festa no Lago Paranoá, na noite de ontem, terminou em tragédia. Cento e quatro pessoas ¿ sendo 12 tripulantes e 92 convidados ¿, segundo informações preliminares, estavam em um barco que afundou, por volta das 20h30, próximo ao clube da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), no Trecho 2 do Setor de Clubes Sul. Até a meia-noite, 88 pessoas tinham sido resgatadas, de acordo com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar do DF. A central de atendimento dos bombeiros (Ciade) confirmou pelo menos uma morte até o mesmo horário: a de um bebê de 6 meses, identificado pela tia Aline de Oliveira, 24 anos, como João Antônio. Segundo ela, a mãe da criança, Valdelice Fernandes, estava desaparecida. Pelo menos seis pessoas foram internadas em dois hospitais da cidade.

O barco teria saído, por volta das 19h30, do Edifício Ícone, um prédio ao lado clube Cota Mil, localizado no Trecho 2 do Setor de Clubes Sul. Crianças, jovens e adultos estavam na embarcação chamada Imagination, que, segundo relatos dos passageiros, teria sido atingida por uma lancha. Um dos sobreviventes, o estudante Guilherme Soares, 15 anos, contou que os coletes salva-vidas só começaram a ser distribuídos depois que o barco começou a afundar na parte de trás. ¿Nem todo mundo conseguiu pegar o seu¿, conta o morador do Paranoá. A água teria entrado, primeiro, pelo banheiro da embarcação. Desesperadas, muitas pessoas se jogaram no lago.

A tragédia mobilizou pelo menos uma centena de bombeiros, além de cinco ambulâncias, dois helicópteros e oito carros de resgate. Os clubes da Associação Geral dos Servidores da Polícia Civil do DF (Agepol) e do Ascade serviram de base para a operação de salvamento. Mantas térmicas foram usadas no primeiro atendimento às vítimas, já que a temperatura à beira do lago era muito baixa. Na hora do naufrágio, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), chegava a 17ºC. ¿Como o dia todo foi frio, a temperatura da água deveria estar bem abaixo disso¿, explicou o meteorologista Hamilton Carvalho.

Segundo um homem que trabalhava como garçom no barco de festas, o motor do Imagination parou duas vezes durante o trajeto. Logo depois de ser religado, voltou a pifar. ¿Veio, então, o efeito Titanic. A embarcação começou a afundar e foi um salve-se quem puder¿, disse o homem, que não quis se identificar.

Dos passageiros resgatados, três mulheres permaneciam internadas no Hospital de Base e outras três pessoas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), até o fechamento desta edição. Mas os feridos foram levados para outras unidades hospitalares do DF.