Título: Fusão criará gigante com 1,1 mil lojas
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 24/05/2011, Economia, p. 12

Com quase R$ 4 bilhões em caixa, o Pão de Açúcar entrou na briga com o grupo norte-americano WalMart para assumir o controle das operações do francês Carrefour no Brasil. Segundo o Le Journal du Dimanche, a maior rede varejista da França está interessada em uma fusão com a empresa brasileira. Para isso, teria contratado o banco de investimentos Lazard, que já estaria negociando com a família Diniz, maior acionista da Companhia Brasileira de Distribuição, que controla o Extra, o Ponto Frio e as Casas Bahia.

Analistas garantem que a junção entre o Pão de Açúcar e o Carrefour seria uma forma de o grupo francês fazer caixa e de a varejista brasileira se consolidar como líder em seu segmento. Mas, segundo o Bank of America Merrill Lynch, ao mesmo tempo em que pode resultar em ganhos de sinergia e escala da ordem de R$ 1,7 bilhão por ano, a possível fusão exige considerações cuidadosas. Para a instituição, há dúvidas se apenas uma troca de ações entre os controladores das duas companhias será um bom negócio. Há ainda outro empecilho: o francês Casino, concorrente do Carrefour, é dono de quase a metade do Pão de Açúcar.

Para o especialista em varejo Eugenio Foganholo, a associação entre os dois grupo é improvável, mas se ocorrer, haverá uma sobreposição de lojas tão grande que as exigências de contrapartida impostas pelos órgãos reguladores retirariam os supostos benefícios do negócio.

Estima-se que, juntos, Carrefour e Pão de Açúcar teriam 1,1 mil pontos de venda no país, respondendo por quase 30% do setor supermercadista brasileiro, uma concentração elevada.

¿Na minha opinião, trata-se mais de um acordo operacional. O Carrefour está preocupado com o avanço do WalMart, seu maior concorrente¿, ressaltou o economista Cesar Bergo. O WalMart ocupa, atualmente, a terceira posição no país, com 11,2% do mercado. Por isso, também lhe interessa comprar os ativos do grupo francês no Brasil. Procurados pelo Correio, Pão de Açúcar e Carrefour não se pronunciaram.